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ANÁLISE
Mensagem moderna não é fácil em país ainda atrasado
FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO
Marina Silva (PV) insistiu e
repetiu na sabatina da Folha/UOL: "O desafio do século 21 é integrar o meio ambiente e o desenvolvimento
em uma mesma equação".
A não aceitação dessa premissa teria sido o motivo
central de sua saída do governo Lula e do PT, em 2008
e 2009, respectivamente.
Perseguir essa "equação"
seria também o que chamou
várias vezes de "delta a
mais" em relação às candidaturas de José Serra (PSDB)
e de Dilma Rousseff (PT).
Sobre a candidata lulista,
disse inclusive que o Brasil
não precisa de "continuador", mas de um "sucessor".
Marina se vende como a
mais "coerente e consistente" para proteger "bagres, índios e populações locais e ribeirinhas" do avanço destruidor de um progresso hostil contra o meio ambiente.
Na sua opinião, mesmo os
recursos da nova fronteira
do pré-sal ("um mal necessário") deveriam ser empregados na direção de uma matriz energética mais verde.
Há muitas razões e argumentos nobres a favor de
Marina. Mas é difícil e inglória a tarefa da candidata:
vender seu "delta a mais" a
um público que passou mais
de duas décadas "na seca"
em termos de crescimento.
E que só agora experimenta (com toda a força neste
ano eleitoral) o que é, afinal,
avançar mais rápido; com
milhões de novos empregos,
aumento da renda e melhora
em sua distribuição.
Dezenas de milhões de
brasileiros ainda querem entrar nessa festa, regada ao
crédito que alavanca o consumo. E ela levará, inexoravelmente, a uma liquidação
mais precipitada do estoque
de recursos naturais que Marina gostaria de preservar.
Infelizmente, pouquíssimos países avançaram nos
últimos 150 anos sem impor
pesadas perdas ao meio ambiente, recuperadas (ou não)
ao entrarem em outro estágio de desenvolvimento.
A China é o maior exemplo contemporâneo. Os EUA,
de como recessões profundas adiam uma agenda tida
como "prioritária" (por um
presidente popular) de aposentar o quanto antes uma
matriz energética "suja".
Mesmo assim, é na defesa
de seu "delta a mais" que
Marina se sai bem. Muito melhor do que quando discorre
sobre autonomia do Banco
Central, câmbio valorizado e
excesso de carga tributária.
Sua visão é apenas básica
sobre esses temas, considerados hoje justamente os
maiores entraves para um
crescimento mais acelerado.
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