São Paulo, domingo, 17 de julho de 2011

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Sob Passos, gastos extras dos Transportes subiram 154%

Contratos aditivos saltaram em 2010, quando ministro ocupou cargo interinamente

O suposto descontrole na elevação de despesas contribuiu para a queda de Alfredo Nascimento e parte da cúpula do Dnit

BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

Incumbido pela presidente Dilma Rousseff de resolver a crise nos Transportes, o novo ministro Paulo Passos aumentou, em sua última passagem pelo cargo, o volume de contratos do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) que tiveram o valor ampliado.
Levantamento da Folha mostra que o número de contratos dos chamados aditivos -termos que elevam o valor de obras e serviços em andamento- mais do que dobrou entre julho e dezembro de 2010 na comparação com o mesmo período de 2009.
Passos chefiou o ministério no segundo semestre de 2010, quando o ex-ministro Alfredo Nascimento, que exerceu o cargo no ano anterior, disputava a reeleição no Senado pelo PR-AM.
Em 2011, quando Nascimento voltou ao posto, o ritmo da liberação de verbas caiu para o patamar original.
Nos últimos seis meses de 2009, o Dnit assinou 53 termos aditivos, que ampliaram o valor de seus contratos em R$ 309 milhões.
Sob Passos, no mesmo período de 2010, os aditivos saltaram para 113, e a quantia extra liberada cresceu 154%, chegando a R$ 787 milhões.
No primeiro semestre deste ano, o volume de contratos turbinados voltou a cair: os aditivos recuaram para 53, no valor de R$ 353 milhões.
Em todos os casos, os recursos extras foram repassados a empreiteiras e consultorias que executam projetos do Dnit em rodovias federais.
A assessoria de Passos afirma que a ampliação maior de contratos em 2009, sob sua gestão no ministério, acompanhou o aumento dos investimentos da pasta (leia texto abaixo).

DESCONTROLE
O suposto descontrole na elevação de contratos foi um dos principais motivos usados por Dilma nas últimas semanas para afastar Nascimento e outros quatro dirigentes dos Transportes.
Apesar de não ser diretamente responsável pela assinatura dos aditivos, o ministro tem o poder para monitorar e, eventualmente, cobrar providências do Dnit.
O petista Hideraldo Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária e poupado até aqui da reformulação na pasta, é quem controla a assinatura de aditivos no Dnit.
Passos conta com a simpatia da presidente, mas sofreu resistência de congressistas do seu partido, o PR, antes de ser efetivado no posto.
Ele ocupava até a semana passada o cargo de secretário-executivo do ministério. No entanto, foi não só poupado, como promovido ao cargo máximo da pasta com a queda do senador Alfredo Nascimento (PR-AM).
Um dos afastados, que está oficialmente em férias, é o diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot.
Anteontem, Passos anunciou o afastamento do substituto interino de Pagot, José Henrique Sadok, depois de o jornal "O Estado de S. Paulo" mostrar que a empreiteira que pertence à sua mulher assinou contratos para fazer obras do Dnit em Roraima.
O aumento dos contratos em 2010 coincidiu, também, com o período eleitoral. Do valor de aditivos concedidos no segundo semestre do ano, R$ 466,7 milhões (59%) foram para contratos com empresas que registraram doações para políticos ou partidos da base aliada.


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