São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2011

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Ritmo de criação de vagas com carteira desacelera

Para analistas, crise e medidas contra inflação esfriam mercado de trabalho

Em 2011, Brasil gerou 1,6 milhão de vagas, número 14% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado

ANA CAROLINA OLIVEIRA
DE BRASÍLIA

Apesar de o mercado de trabalho ainda dar sinais de força na comparação com outros indicadores econômicos, a geração de empregos formais no Brasil tem trajetória de queda no ano.
Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o Brasil gerou 1,593 milhão de vagas formais até julho desse ano. O resultado é 14% menor do que o verificado no mesmo período de 2010, quando foram abertas 1,856 milhão de vagas.
O professor da Unicamp (Universidade de Campinas), Cláudio Dedecca, acredita que essa queda na geração de postos se deve às medidas tomadas pelo governo para conter o crescimento da economia. Além disso, a crise internacional também já contribuiu para essa redução.
"Existe uma desaceleração associada a fatores internos e externos que contribuem negativamente em termos de atividade econômica", afirma o especialista.

ACOMODAÇÃO
Para o economista da consultoria Tendências Rafael Bacciotti, as ações do governo vão começar a se refletir com mais força ainda nos próximos meses:
"O Caged mostrou um número mais fraco e isso vai em linha com o que a gente argumenta, de uma acomodação [da economia]" diz.
Mesmo com a redução do ritmo, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) continua otimista e mantém a sua previsão de criação de 3 milhões de empregos em 2011.
Segundo ele, nessa conta estão incluídas vagas geradas por concursos públicos municipais e estaduais que serão realizados esse ano.
"Mantenho meus 3 milhões de empregos formais. Este ano, por não ser eleitoral, temos um comportamento diferente do ano passado. Vamos ter um acréscimo muito mais significativo, com concurso público."
Diferentemente do ministro, o professor da Unicamp acredita que em 2011 o Brasil irá criar menos postos de trabalho do que o verificado em 2010, quando foram abertas 2,861 milhões de vagas.
"A atividade econômica vai crescer menos, tudo indica que deve crescer em torno de 4%. De tal modo, a geração de emprego deve ficar entre 1,5 e 1,7 milhão, o que já é uma situação favorável, considerando o crescimento da economia", prevê.
Em julho, o Brasil criou 140.563 empregos, 22,7% a menos do que o registrado em julho de 2010, quando foram abertas 181.796 vagas.
Foi a segunda maior queda na criação de vagas do ano na comparação com igual mês de 2010. Lupi creditou a redução às férias escolares e à entressafra nas regiões Sul e Sudeste.
"Você tem alguns comportamentos no mês de julho que prejudicam um pouco, como as férias escolares e queda no Sul e Sudeste na área agrícola", justificou o ministro, ao apresentar os números. "Agosto vai ter um comportamento muito positivo e setembro também", afirmou Lupi.


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