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Mensalão de ex-governador era de R$ 500 mil, diz delator
Quantia era paga por mês a Waldez Góes no Amapá, segundo colaborador
Esquema funcionaria
para manter contrato de
empresa com governo;
defesa de suspeito não
atendeu a reportagem
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ
O ex-governador do Amapá Waldez Góes (PDT), candidato ao Senado, recebia
uma propina de R$ 500 mil
mensais para manter um
contrato de fornecimento de
alimentos aos presos do Estado, segundo depoimentos
dados à Polícia Federal.
O assessor jurídico da Secretaria da Segurança Pública do Amapá Luiz Mário
Araújo de Lima cooperou
com a PF nas investigações
da Operação Mãos Limpas.
Os depoimentos, de novembro de 2009 e maio deste ano,
foram obtidos pela Folha.
As apurações da PF apontaram para um suposto esquema de desvios de recursos públicos no Estado. Na
semana passada, 18 pessoas
foram presas -entre elas,
Góes e Pedro Paulo Dias (PP),
atual governador, que continuam detidos em Brasília.
Nas palavras do assessor,
a fraude no Iapen (Instituto
de Administração Penitenciária do Estado) era "orquestrada" por Góes, sua
mulher, Marília, pelo deputado federal Evandro Milhomen (PC do B) e por Francisco Odilon Filho, empresário e
dono da Mecon, que fornece
as marmitas para os presos.
Em novembro, Lima disse
que "teve conhecimento de
fraude" e que os recursos
"desviados do contrato seriam direcionados a Góes",
que "receberia em torno de
R$ 500 mil mensais".
Lima pediu para ser beneficiado pelo recurso delação
premiada -possibilidade jurídica de um envolvido em
crimes ter sua pena amenizada em troca de colaboração.
Ele afirmou que era pressionado e coagido pelo secretário da Segurança, Aldo Ferreira, para fazer "alterações
que entendia ilegais em pareceres jurídicos" para "regularizar licitações e contratos".
Se não as fizesse, disse, perderia o emprego.
Ferreira, segundo Lima,
foi uma indicação do senador José Sarney (PMDB-AP).
De acordo com o assessor,
Góes interveio em uma disputa de poder na secretaria .
Ferreira tentou fazer com que
o contrato saísse das mãos de
Odilon e fosse para um "investidor de SP". O negócio,
disse, "foi vetado" por Góes.
Segundo sua versão, Milhomen deu R$ 300 mil a Ferreira para o secretário desistir de mudar de fornecedor.
A Folha ligou para o advogado de Góes, mas não houve retorno até a conclusão
desta edição.
A assessoria do governo
não deu uma versão para o
depoimento de Lima.
Na Mecon, a reportagem
foi orientada a procurar o escritório de Odilon, no qual
ninguém atendeu o telefone.
A assessoria de Milhomen
negou envolvimento dele.
ASSEMBLEIA
O presidente da Assembleia Legislativa e candidato
a governador, o deputado estadual Jorge Amanajás
(PSDB), está na mira da PF
devido a suspeitas sobre desvios de recursos no órgão público que podem beneficiar
uma ONG que ele dirige.
A ONG poderia estar recebendo recursos de forma irregular, diz relatório. Além disso, teria a proteção do Tribunal de Contas do Estado, cujo
presidente, José Miranda,
também foi preso.
Amanajás não respondeu
as ligações da Folha até a
conclusão desta edição.
Com colaboração de São Paulo
Colaborou a Sucursal de Brasília
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