|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Consultor diz ter alertado sobre "extorsão"
Rubnei Quícoli, que denunciou esquema de lobby operado por filho de ex-ministra, afirma ter avisado a Casa Civil
Representante da EDRB teria revelado cobrança por e-mail e ameaçou "fazer chegar" o recado ao comando da pasta
RUBENS VALENTE
FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
O consultor Rubnei Quícoli diz ter alertado a Casa Civil
sobre a existência do esquema de lobby que era operado
dentro do órgão pelo filho da
então secretária-executiva,
Erenice Guerra.
A Folha obteve cópias de
dois e-mails, que ele alega ter
enviado em 1º de fevereiro,
endereçados a assessores e
secretárias de Erenice. Na
época, a ministra da Casa Civil era Dilma Rousseff (PT).
Nos textos, o consultor reclamava da cobrança de dinheiro para que a empresa de
energia EDRB recebesse um
empréstimo no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e
pedia que Erenice e Dilma
fossem avisadas.
O projeto pleiteado pela
EDRB previa a captação de
recursos junto ao banco para
a construção de torres geradoras de energia solar no
Nordeste. Quícoli foi contratado pelos donos da EDRB
para, segundo eles, "fazer virar o negócio".
A ideia foi apresentada em
audiência na Casa Civil em 10
de novembro. Pela EDRB, estavam um dos sócios, Aldo
Wagner, e Quícoli. Ambos dizem que Erenice participou
da reunião, o que ela nega.
Ontem a Folha revelou
que a Capital Consultoria, firma do filho de Erenice, encaminhou à EDRB uma minuta
de contrato, cobrando R$ 240
mil e 5% de "comissão de sucesso" sobre o empréstimo,
caso fosse aprovado.
As suspeitas de tráfico de
influência resultaram na demissão de Erenice, que havia
substituído Dilma no comando da Casa Civil em abril.
Quícoli e Wagner confirmaram à Folha o recebimento em 10 de dezembro da minuta de contrato -que o consultor chamou de "extorsão". A EDRB negou-se a assiná-lo. Em março, o BNDES
rejeitou o pedido de crédito.
Quícoli disse ontem que,
com a recusa, o projeto parou
de andar. Ele, então, decidiu
avisar a Casa Civil.
Num e-mail, o consultor
ameaçou revelar o pedido de
dinheiro feito pela empresa
Capital. Em outro e-mail,
Quícoli escreve não ter "vínculos com bandidos". Ele encerra, em tom de ameaça,
com o pedido de que a mensagem fosse encaminhada
ao comando da Casa Civil.
"Se vocês não fizerem chegar [a mensagem], eu faço
chegar", escreveu.
Colaborou FILIPE COUTINHO , de Brasília
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Outro lado: Erenice afirma que nunca soube de denúncias Índice | Comunicar Erros
|