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Arte engajada
Argentino usa paixão por PT em instalação que integra a 29ª Bienal de São Paulo , no parque Ibirapuera
RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO
Perto de 160 artistas do
mundo todo darão forma à
29ª Bienal de São Paulo. A
concorrência será grande,
mas o argentino Roberto Jacoby já sabe que terá muitos
holofotes voltados para si.
Jacoby, 66, é fã incondicional do Partido dos Trabalhadores brasileiro, e essa paixão será o chamariz de sua
instalação nesta edição da
Bienal, que será aberta no sábado da semana que vem.
No espaço que lhe coube
no prédio do parque Ibirapuera, ele acaba de montar
duas fotos gigantescas -de 4
m de altura e 5 m de largura
cada uma- que mostram um
carrancudo José Serra
(PSDB) e uma radiante Dilma
Rousseff (PT).
Ao longo dos dois meses e
meio da megaexposição internacional de arte, Jacoby
terá cerca de 25 "cabos eleitorais" argentinos distribuindo
panfletos, adesivos e buttons
do PT e de sua candidata à
Presidência da República.
Eles também são artistas e
estão ajudando Jacoby na
montagem da instalação. Todos estarão uniformizados
com uma camiseta vermelha
com os dizeres "Dilma" na
frente e "Brigada Argentina
por Dilma" nas costas.
"Somos a favor da continuidade do governo do PT,
que tem sido importante para a democracia e a unidade
na América Latina", explica,
empolgado, Roberto Jacoby.
Essas fotos de Dilma e Serra foram tiradas da internet e
escolhidas por terem os direitos autorais liberados.
AMBÍGUA LIGAÇÃO
Para o artista argentino, a
presença de Dilma Rousseff
na Bienal é inevitável. Por determinação dos organizadores, a "estreita e ambígua ligação entre arte e política" é
o mote que deve permear todas as obras.
A instalação de Jacoby leva o título "A Alma Nunca
Pensa sem Imagem". Ali,
além de verem os candidatos, os visitantes assistirão a
palestras sobre arte e filosofia, ouvirão leituras dramáticas e participarão de oficinas
de arte. Nas oficinas de serigrafia e desenho, aprenderão
a fazer cartazes do PT.
"Tudo é artístico", diz Jacoby. "Estou trazendo para
dentro, na forma de arte, o
que acontece lá fora." Procurados pela Folha, os curadores da Bienal não quiseram
falar dos "cabos eleitorais".
PATROCÍNIO
A Brigada Argentina por
Dilma foi organizada só para
a Bienal. Segundo Jacoby,
não é ligada ao PT.
Os simpatizantes argentinos chegaram a pedir patrocínio ao Partido dos Trabalhadores. A ideia era, com o
dinheiro, encher uma parede
com estrelas vermelhas. O PT
respondeu que não poderia
contribuir porque a propaganda eleitoral está proibida
em prédios públicos.
Essa instalação recebeu
R$ 40 mil dos organizadores.
A Bienal arrecadou R$ 30 milhões de empresas privadas,
incentivadas pela renúncia
fiscal da Lei Rouanet.
Os "brigadistas" ficam animados quando falam do presidente Lula, mas admitem
que sabem pouco de Dilma.
"O que conheço é o que está na internet. Sei que é economista, muito capaz, estudiosa e se transformou em especialista em energia elétrica
num país tão grande como o
Brasil", afirma Jacoby. "De
Serra, não sei muito."
Sobre as suspeitas que se
levantam sobre a candidata
na quebra de sigilos fiscais,
minimiza: "Em todos os países há escândalos. Na Argentina, é a mesma coisa". O artista vê semelhanças entre
Dilma e a presidente Cristina
Kirchner: "Sofrem preconceito por serem mulheres e
progressistas e por apoiarem
os sindicatos e os sem terra".
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