São Paulo, sábado, 17 de setembro de 2011 |
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ANÁLISE Sarney usa vácuo de nomes na Câmara para ampliar espaços CACIQUE EMPLACA TERCEIRO NOME DO MARANHÃO NO PRIMEIRO ESCALÃO GRAÇAS A CRISE DE AUTORIDADE DO LÍDER DA BANCADA DE DEPUTADOS VERA MAGALHÃES DE SÃO PAULO A nomeação do terceiro peemedebista do Maranhão para o ministério de Dilma Rousseff levou analistas políticos e o público geral a indagar: por que, tantos anos depois de ter deixado a Presidência, José Sarney conserva tanto poder na República? A resposta envolve múltiplos fatores e essa constatação sobre a força do patriarca, de todo correta, precisa ser matizada no caso da escolha de Gastão Vieira para o lugar do conterrâneo Pedro Novais na pasta do Turismo. Sarney aproveitou o vácuo de nomes e uma rebelião da bancada do PMDB da Câmara -"dona", da vaga de Novais- para encaixar mais um aliado no primeiro escalão. O mesmo expediente já tinha sido usado na escolha do primeiro titular da pasta. Sarney e o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), fizeram uma operação casada. O primeiro indicou o primo do deputado, Garibaldi Alves (RN), para o Ministério da Previdência, latifúndio do PMDB do Senado. Em troca, Henrique agraciou o maranhense com a vaga do Turismo, que cabia aos deputados. Assim, Sarney sentiu-se à vontade para se desvincular de Novais ao primeiro sinal de escândalo envolvendo o aliado, que foi flagrado usando verba de gabinete para custear estadia em um motel. Agora a história se repete. Sem força para emplacar seus favoritos na pasta, Henrique viu sua autoridade questionada por parte da bancada. Sarney e sua filha, a governadora Roseana, não esperaram: se puseram em campo, com telefonemas para o vice-presidente, Michel Temer, para emplacar Gastão Vieira. É indicado de Sarney? Sim, mas adotado pela Câmara. Ou, no dizer de um partidário: "É só olhar para o ministro e ver que tem bigode". Feita essa ressalva, o fato é que, 21 anos depois de seu período no Planalto, Sarney é o último dos oligarcas a gozar de poder nacionalmente. Antonio Carlos Magalhães, outra figura de trajetória comparável, já vivia havia muitos anos o ocaso de sua influência quando morreu, em 2007. O prestígio que tem junto ao PT se deve, em grande medida, a ter comprado ações de Lula em 2002 na baixa, quando se falava em risco PT. Isso lhe valeu a chave dos cargos no setor elétrico, apoio (à revelia do PT) à eleição de Roseana e salvo-conduto na maior crise que já enfrentou, a dos atos secretos do Senado, em 2009. Eleita, Dilma não mexeu nos feudos no setor elétrico e ainda ampliou seus espaços. Texto Anterior: Presidente tira 4 ministras de comitiva à ONU Próximo Texto: Operação Voucher: Procuradoria denúncia 21 sob suspeita de desvios no Turismo Índice | Comunicar Erros |
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