São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2011

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Programa suspeito dá verba a ONGs ligadas ao PC do B

DE SÃO PAULO

Origem do novo escândalo no Ministério do Esporte, o programa Segundo Tempo tem sido usado para transferir verbas federais a ONGs ligadas ao PC do B, que comanda a pasta desde o início do governo Lula, em 2003.
Levantamento publicado pela Folha em março de 2008 mostrou que o governo já havia transferido R$ 14 milhões a entidades dirigidas por integrantes do partido.
A ONG Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores), que liderava os repasses em São Paulo com R$ 5,2 milhões, era presidida por Wander Geraldo da Silva, colega do ministro Orlando Silva no Comitê Central do PC do B. As suspeitas de favorecimento ao partido foram encaminhadas à CPI das ONGs no Senado, mas o governo exerceu sua maioria na Casa para travar as investigações.
O PC do B indicou o relator da comissão, senador Inácio Arruda (CE), cujo texto final não chegou a ser votado. A CPI seria encerrada em novembro passado sem apontar responsáveis por desvios.
Em outro caso no interior paulista, a ONG Bola pra Frente, dirigida pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, recebeu R$ 8,5 milhões do Segundo Tempo em 2008.
O valor superou a soma dos repasses feitos pelo Ministério do Esporte a 23 prefeituras do Estado no período. Filiada ao PC do B, Karina se elegeu vereadora em Jaguariúna (SP) no fim do ano, usando as atividades da ONG como trunfo eleitoral. Ontem o "Fantástico" mostrou que a ONG contratou uma empresa do assessor de Karina para fornecer lanches. Pagou a ela R$ 10 milhões entre 2007 e 2010.
O ministro admitiu que podem ter ocorrido "falhas".
A ligação entre militantes do partido e repasses do Segundo Tempo voltou à tona em abril passado, quando a Polícia Civil do DF prendeu cinco suspeitos de desvios na Operação Shaolin.
Os investigadores apontaram como principal beneficiário do esquema o policial militar policial militar João Dias Ferreira -o mesmo que acusou o ministro Orlando Silva de receber propina.
Ele teria usado notas frias para simular compra de merenda, uniforme e material esportivo em nome da Federação Brasiliense de Kung Fu e da Associação João Dias.
O PM foi candidato a deputado pelo PC do B em 2006.


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