São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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NELSON DE SÁ - nelsonsa@uol.com.br

"Economist" & Dilma

Sob o título "Um início que promete", editorial da "Economist" elogia Dilma Rousseff e destaca: "Este jornal, que endossou o seu oponente, temia que ela pudesse ser uma esquerdista ideológica mais rígida que o pragmático Lula. Suas primeiras seis semanas no cargo são tranquilizadoras." A revista centenária, que se autodescreve como "jornal", diz que Dilma já "acabou com a ideia de que seria soft com a inflação" e "sinalizou a necessidade de alguma austeridade". A reportagem que acompanha o editorial destaca que ela "encarou seu primeiro teste sério no Congresso", no salário mínimo, "e passou ". Mas o editorial diz que "a mãe de todas as batalhas é a reforma do Estado" e pergunta: "Administrar bem será o bastante?".

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Uma das fotos de Dilma, na nova edição da "Economist"

//DESTA VEZ É DIFERENTE
Jonathan Wheatley, correspondente do "Financial Times" , escreveu que "a vitória folgada do governo, num voto crucial para refrear o salário mínimo, foi mais uma demonstração de compromisso com austeridade fiscal", da qual "os investidores teimam em desconfiar" desde o início do governo. "Mas um dos maiores investidores em ações na América Latina discorda", destaca o "FT", ouvindo de Will Landers, do fundo BlackRock: "O governo demonstra forte resolução e tudo se move na direção certa. Mas a conversa agora é que chegou a hora de transferir [as aplicações] para os países desenvolvidos. É a velha história de que a América Latina vai fracassar no fim. É sempre difícil dizer que as coisas são diferentes desta vez _mas as coisas são diferentes desta vez".

//MAIS E MAIS CHINA
Ecoou do "Valor" ao "New York Times" a revelação do "FT" de que as Bolsas de São Paulo e Xangai vão anunciar uma parceria. E na China o "Business Herald" , com eco em outros jornais estatais, entrevistou um diretor da Agência Nacional de Transportes, para quem a tecnologia chinesa de trem-bala "é competitiva" e até superior, na disputa pelo projeto que deve ligar São Paulo e Rio. Por outro lado, o estatal "China Daily" deu o editorial "Reforma da ONU vai demorar". Diante do esforço "renovado de Índia, Brasil, Alemanha e Japão" pela ampliação do Conselho de Segurança, diz que é preciso "paciência" para "consulta ampla e democrática". Mas já anota, no final do texto, que a "prioridade deve ser dada ao aumento da representação dos países em desenvolvimento".

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Na charge da "Economist", corrida atrás das empresas brasileiras

//E MAIS DINHEIRO
Ecoou por agências e "Wall Street Journal" a notícia do "Valor" de que o fundo de "private equity" Silver Lake anunciou que vai investir US$ 1 bilhão em empresas brasileiras de tecnologia nos próximos cinco anos. O Brasil se tornou sua "mais alta prioridade". E a "Economist" traz longa reportagem festejando os "investimentos alternativos no Brasil", para fundos estrangeiros de "private equity", em setores como calçados e outros. "O dinheiro está derramando nos escritórios de avenidas movimentadas como a Faria Lima, em São Paulo, e a Ataulfo de Paiva, no Rio." Avalia que uma das razões é o declínio nas taxas de juros, em movimento que afirma ser de longo prazo e que libera recursos para investir em empreendedores.

//APAGAR O PASSADO
Na manchete on-line do "NYT" , a tomada do Bahrein por tanques do rei, matando pelo menos cinco. Também em destaque, a relutância de Obama em apoiar a democracia no país _e o estado de atenção no Departamento de Defesa http://www.nytimes.com/2011/02/18/world/middleeast/18fleet.html?hp , que têm no reino uma base militar herdada há décadas do Império Britânico. Mas o dia de Obama terminou num jantar no Vale do Silício, como noticiado por todo lado , com Eric Schmidt, do Google, e Mark Zuckerberg, do Facebook _empresas americanas às quais governo e mídia tentam creditar a revolta democrática no Oriente Médio. Noam Chomsky, do Massachusetts Institute of Technology, já havia alertado em entrevista ao site Democracy Now , sobre o Egito: "Os EUA estão seguindo seu manual. Não é a primeira vez que um ditador próximo perde o controle. É uma rotina padrão: seguir apoiando o tempo que for possível e, se ele se tornar insustentável, dar um giro de 180 graus e dizer que sempre estiveram do lado do povo, apagar o passado".


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@ - Nelson de Sá


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