São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2011

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NELSON DE SÁ - nelsonsa@uol.com.br

Sem os Brics

De uma hora para outra, até o "New York Times" perdeu o temor de desastre nuclear no Japão, dizendo que deverá "levar semanas", mas o país pode, sim, "domar os reatores". BBC e outros destacavam, por outro lado, que os engenheiros japoneses já haviam conectado uma nova linha de energia para a usina, permitindo retomar o resfriamento.
E assim, início da noite, o "NYT" e também "WSJ" e sites de jornais europeus mudaram suas manchetes para a aprovação, pelo Conselho de Segurança, de uma intervenção militar na Líbia -com abstenção de Brasil, Rússia, Índia e China, mais Alemanha.

 


Sob a manchete "A guerra de Hillary", o site Drudge Report linkou o destaque do Politico para a "vitória" da secretária de Estado _que queria a intervenção e, ameaçando deixar o cargo, dobrou Obama. Com o apoio do Pentágono, ele resistia e até vinha fazendo piadas com a insistência de Hillary.

CIA & Gaddafi
E o mesmo "NYT" questionava, logo abaixo da manchete, que "as relações da CIA com os governos da Líbia e do Bahrein podem ter cegado os EUA para sinais subterrâneos de dissenso e podem agora prejudicar a relação com democracias em formação".

Espiões sociais
Já o "Guardian" destacou que o comando militar dos EUA para o Oriente Médio contratou uma empresa da Califórnia e "está desenvolvendo software para manipular os sites sociais Facebook e Twitter", através de identidades falsas, "sock puppets".

DILMA E O PARCEIRO
Em longa entrevista, o "Valor" levou à manchete que "Dilma garante guerra à inflação", com eco no exterior, via agências, para sua defesa de um Banco Central autônomo.
Quase toda voltada a questões internas, tratou de passagem da visita de Obama. A própria Dilma avalia que "o grande sumo, o que fica, é a progressiva consciência de que o Brasil é um país que assumiu seu papel internacional e pode ser um parceiro importantíssimo". E que hoje já "não precisa do tipo de ajuda" da Aliança para o Progresso.
Sobre direitos humanos, diz que "vale para todos: se não concordo com o apedrejamento de mulheres, também não posso concordar com gente presa a vida inteira sem julgamento", referências às penas no Irã e à prisão na base americana de Guantânamo.

O SIMBOLISMO
Julia Sweig, referência para América Latina do Council on Foreign Relations, falou longamente no "think tank" de Nova York sobre a visita de Obama, com áudio e transcrição. Diz que emite "vários sinais", para começar, que Obama entende "a importância do Brasil não só como âncora estratégica da América do Sul, mas como ator global e parceiro potencial importante para os EUA".
Sweig se diz "perplexa de modo positivo com o simbolismo do encontro" de Obama e Dilma, que "romperam as barreiras de gênero, no Brasil, e raça, nos EUA" -e lembrando Lula, que rompeu a de "classe". Vê como "grande ponte simbólica" a presença do presidente na Cidade de Deus, além de ser "simplesmente muito cool" da parte de Obama. Recém-chegada do Brasil, avisa que a "agenda interna é prioridade total" para Dilma, mas ela se vincula à de Obama. Desculpando-se pela "metáfora pobre", prevê "dois barcos subindo juntos".

economist.com


"FLYING DOWN TO RIO"
Com o enunciado "Voando para o Rio", a "Economist" destaca que "os latino-americanos gostam de Obama. Gostariam ainda mais se sua retórica de parceria ganhasse substância"

COMEÇAR DE NOVO?
english.aljazeera.net Zamora e Hardt riem ao citar vantagens da distância dos EUA da região O "Washington Post" iniciou a cobertura da visita com a reportagem "Obama deve focar questões econômicas e retomada das relações". No texto, expressões de analistas como "começar de novo". Também a Associated Press abriu cobertura ontem, vendo "frustração" com a falta de atenção dos EUA à região. Entrevistados por Riz Khan na Al Jazeera, Kevin Casas-Zamora, da instituição Brookings, e Michael Hardt, da Universidade Duke, concordaram não ser possível aos EUA retomar uma relação em que a região seja "quintal". "O gênio saiu da garrafa", disse Zamora, acrescentando depois, entre risadas: "Não tenho tanta certeza se as pessoas se importam muito [se Obama cumpriu ou não o prometido]. Na verdade, as últimas duas décadas de negligência dos EUA foram bastante boas para a América Latina."

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