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Folha reafirma princípios editoriais
Projeto Editorial determina jornalismo crítico, plural, apartidário e moderno, compromisso firmado desde 1984
A Folha não apoia
nenhuma candidatura;
parâmetros ajudam a
fazer cobertura isenta,
sem deixar de ser crítica
DE SÃO PAULO
Em 1984, ao lançar seu primeiro Projeto Editorial, a Folha cristalizou no "Manual
da Redação" a opção por um
jornalismo crítico, pluralista,
apartidário e moderno, que
deveria ser feito com "intransigência técnica".
A última versão do projeto, divulgada em 17 de agosto de 1997, está reproduzida
na atual edição do manual e
reafirma o compromisso da
Folha com aqueles quatro
princípios editoriais.
O texto do "Manual da Redação" afirma: "Tais valores
adquiriram a característica
doutrinária que está impregnada na personalidade do
jornal e que ajudou a moldar
o estilo brasileiro da imprensa nas últimas décadas".
A cobertura eleitoral deste
ano, assim, não poderia fugir desse script.
Diferentemente do que
ocorre em jornais de outros
países -como nos Estados
Unidos, onde o "New York
Times" publicou o editorial
"Barack Obama para presidente"-, a Folha não apoia
nenhuma candidatura.
Em um ambiente político
polarizado, princípios editoriais bem definidos tornam-se balizas que ajudam o jornal a manter-se equidistante
das campanhas, fazendo
uma cobertura isenta sem
perder o tom crítico.
A atual versão do Projeto
Editorial atualizou aqueles
princípios à luz das transformações ocorridas durante a
década de 90 "na política, na
economia, nas ideias".
Assim, a disposição crítica
do jornal deveria tornar-se
mais refinada e aguda, num
cenário em que "o debate técnico substituiu, em boa medida, o debate ideológico".
Do ponto de vista da política, o "Manual da Redação"
determina um jornalismo
"crítico em relação a todos os
partidos políticos, governos,
grupos, tendências ideológicas e acontecimentos".
O pluralismo, por sua vez,
não poderia resumir-se na
busca formal pelo "outro lado". Deveria, mais que isso,
"renovar-se na busca de uma
compreensão mais autêntica
das várias facetas implicadas
no episódio jornalístico".
O verbete "pluralismo" do
manual estabelece que "todas as tendências ideológicas expressivas da sociedade
devem estar representadas
no jornal".
E a atitude apartidária,
que "obriga a um tratamento
distanciado em relação às
correntes de interesse", não
poderia ser "álibi para uma
neutralidade acomodada".
Segundo Suzana Singer,
ombudsman da Folha, a
existência desses parâmetros
bem estabelecidos é fundamental para guiar a cobertura eleitoral.
De acordo com ela, o jornal
até agora tem seguido esses
princípios. Ainda assim, Singer afirma que recebe reclamações dos leitores.
"A maioria das reclamações políticas que recebo é
sobre uma suposta proteção
ao candidato do PSDB. Mas
tem muita gente que acha o
contrário, que a Folha é petista", diz ela.
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