São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2010

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Grampos telefônicos aumentam no país

Número de telefones grampeados por ordem judicial até maio chega a mais de 18 mil

FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA

Em ano eleitoral, cresceu o número de telefones grampeados com autorização judicial. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), houve um aumento de 65,6% no total de escutas de maio de 2009 para o mesmo mês deste ano, passando de 11.035 para 18.271 aparelhos sob monitoramento.
Segundo o balanço obtido pela Folha, os números de telefones grampeados mantiveram-se constantes em março (18.239), abril (18.102) e maio (18.271) deste ano. Desde que o CNJ começou a fazer esse monitoramento estatístico, em novembro de 2008, os grampos nunca haviam atingido essas marcas.
Maio foi o último mês do ano para o qual o CNJ fechou os dados -os de junho e julho ainda são parciais.
O ministro Gilson Dipp, corregedor do CNJ, afirmou que um dos principais motivos para esse crescimento em relação a 2009 é a realização de mais operações policiais neste ano para investigar, principalmente, corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e pirataria.
Os dados fazem parte da chamada Central Estatísticas de Escutas Telefônicas, criada em 2008 pelo então presidente do CNJ, Gilmar Mendes, em meio a críticas ao que ele chamava de "Estado policialesco" e "espetacularização" das operações policiais.
As estatísticas caíram após a criação da central. Nos seus cinco primeiros meses de vida, houve redução de 12.076 escutas legais, em novembro de 2008, para 10.366, em março de 2009, quando os dados haviam sido divulgados pela última vez.
Na época, Dipp afirmou que a diminuição era consequência da uma maior cautela da polícia e dos juízes.
Hoje ele diz que, mesmo com o aumento, não se pode dizer que o país vive aquele chamado "Estado policial".
"Mas a criação desse monitoramento foi fundamental para esclarecer dados que haviam sido divulgados pela CPI [dos grampos] em 2008", declarou Dipp à Folha.
Naquele ano, a CPI apontou, com base em informações das empresas de telefonia, que haviam sido feitas pelo menos 375.633 escutas telefônicas com autorização judicial em 2007.
"Constatamos que as empresas telefônicas contabilizavam dados que não deviam ser levados em conta, como pedidos de renovação das escutas", disse Dipp.


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