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Relatório final da PF indicia 42 cotistas do Opportunity
Investidores moravam no Brasil, mas aplicavam em fundo só para estrangeiros
Por meio de esquema,
cotistas de fundo não pagavam Imposto de Renda, diz PF; grupo nega irregularidades
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
O relatório final da Polícia
Federal sobre o inquérito da
Operação Satiagraha que investigou o fundo de investimentos Opportunity Fund,
sediado nas Ilhas Cayman,
aponta que 42 cotistas usaram a carteira para fazer operações financeiras ilegais.
O fundo investigado é ligado ao grupo Opportunity,
que é comandado pelo banqueiro Daniel Dantas, réu
acusado de ter cometido crimes financeiros apurados na
operação da PF.
O grupo de cotistas, formado majoritariamente por empresários, foi indiciado por
evasão de divisas. Dois deles
também foram acusados de
lavagem de dinheiro.
Um administrador do Opportunity Fund foi indiciado
sob acusação de gestão fraudulenta, evasão de divisas e
formação de quadrilha.
O grupo Opportunity negou ontem as acusações da
PF, e Dantas contestou a
ação criminal da Satiagraha.
A legislação não permite
que investidores residentes
no Brasil tenham recursos no
fundo, pois os rendimentos
das aplicações na carteira estavam isentas do pagamento
de Imposto de Renda.
Porém, de acordo com a
PF, administradores do fundo ofereciam a residentes no
Brasil a oportunidade de burlar o Fisco, investindo no Opportunity Fund. Parte dos cotistas confessou saber que as
aplicações no fundo eram ilegais, segundo a PF.
Dentre os cotistas do Opportunity Fund, foram indiciados apenas aqueles que
possuíam mais de US$ 100
mil depositados, uma vez
que as regras do Banco Central brasileiro exigem a declaração ao órgão de depósitos
no exterior somente a partir
desse valor.
A PF diz que foi necessário
buscar elementos de prova
nas apurações do caso Banestado, que revelou na década passada a remessa ilegal de bilhões de dólares ao
exterior por meio do banco.
Doleiros envolvidos no caso Banestado afirmaram que
enviaram recursos para o Opportunity Fund e seus cotistas, de acordo com a PF.
Testemunhos de ex-funcionários do grupo Opportunity também revelaram as irregularidades, aponta o relatório final da PF.
O relatório final segue agora para o Ministério Público
Federal. A instituição poderá
denunciar os indiciados à
Justiça e assim dar início à
terceira ação penal resultante da Operação Satiagraha.
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