São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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ANÁLISE

Queda de Rossi testa relação Dilma-Temer

Demissão do ministro da Agricultura ocorre no momento em que a presidente tentava aproximação com o vice

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Wagner Rossi é o quarto ministro a cair no governo de Dilma Rousseff. Ela é a presidente eleita pelo voto direto e em primeiro mandato que mais alterou a Esplanada no início da administração.
A queda de Rossi tem relevância especial, pois ele é filiado ao PMDB e carregava uma característica especial: era uma pessoa cujo cargo era bancado politicamente pelo vice-presidente da República, Michel Temer.
A saída do ministro da Agricultura será um teste de estresse na relação entre Dilma e Temer -e, por extensão, entre o governo e o PMDB.
É irônico que a demissão de Rossi tenha se dado no exato momento em que a presidente tentava uma aproximação com Temer. Por sugestão direta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Planalto ensaiava um contato mais regular e harmônico com os partidos da chamada base aliada.
Temer e Dilma nunca foram íntimos, para dizer o mínimo. As conversas foram raras nos primeiros sete meses de governo. Mas nesta semana eles mantiveram vários contatos. Foi quando acabou caindo Rossi.
Para todos os efeitos, a queda se deu porque o ministro da Agricultura não suportou as pressões e os efeitos do noticiário negativo sobre sua família.
Ainda assim, a saída de Rossi produziu ontem entre os políticos as mesmas análises recorrentes sobre as razões da atual onda de demissões. Entre os governistas, atribui-se à inapetência de Dilma pela micropolítica o desarranjo na Esplanada.
Num governo coeso, é sempre mais difícil encontrar alguém disposto a fornecer pistas, indícios e muito menos provas contra ministros de Estado. Mas Dilma eximiu-se no primeiro semestre de arbitrar desavenças derivadas da fisiologia miúda da política. Sem a figura central da presidente, quatro ministros e dezenas de funcionários no primeiro escalão já perderam a cadeira.
Nos próximos dias, os comportamentos de Michel Temer e do PMDB servirão para indicar se houve alguma mudança na forma de operar da presidente ou não.
O primeiro sinal será a sucessão no Ministério da Agricultura. Votações no Congresso também servirão de termômetro. A presidente terá de acelerar a sua agenda de contatos com partidos e políticos aliados, sobretudo com peemedebistas, para conter a degradação do clima no governo -agora num dos seus piores momentos.


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