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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Filho de Erenice levou amigos à Casa Civil
Três pessoas que trabalharam com Israel na Anac, uma delas seu sócio oculto em empresa, foram nomeadas para a pasta
Um dos amigos de Israel pediu demissão ontem; envolvidos não foram localizados para falar
sobre nova revelação
FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
FÁBIO AMATO
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
O filho de Erenice Guerra,
que perdeu o cargo após acusações de tráfico de influência, levou amigos para trabalhar na Casa Civil quando o
ministério era comandado
por Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência.
Israel Guerra e dois amigos
são apontados por empresários como o "grupo do lobby"
que usava uma empresa privada para intermediar reuniões, viabilizar projetos e liberar recursos no governo.
Israel, Stevan Kanezevic,
Vinícius Castro e Marcelo
Moreto trabalharam juntos
na Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil). Em seguida, os três amigos do filho de
Erenice foram nomeados para ocupar cargos na Casa Civil sob Dilma -quando Erenice, seu braço direito e depois sucessora, era secretária-executiva da pasta.
Vinícius foi nomeado assessor de Erenice Guerra. Stevan é cedido para o Sipam
(Sistema de Proteção da
Amazônia), subordinado à
Casa Civil. Um ano antes, Moreto, que não foi citado por
envolvidos no escândalo até
aqui, já havia trocado a agência pelo cargo de assessor
técnico do Sipam.
Tão logo Vinícius e Stevan
saíram da Anac, foi aberta
em Brasília a Capital Consultoria, que começou as atividades em 6 de julho de 2009.
Trata-se da firma que tem
Vinícius e Israel como sócios
ocultos e que foi usada para
ajudar uma empresa do setor
aéreo a conseguir autorização da Anac e fechar contrato
com os Correios, primeiro negócio a lançar suspeitas de
tráfico de influência.
Stevan é citado pelos consultores Fábio Baracat e Rubnei Quícoli como um dos
mais atuantes nas promessas
de abrir portas. Estava sempre presente nas reuniões
com Vinícius e Israel.
Ontem, Stevan pediu demissão do cargo no Sipam e
voltou à Anac. Ele é o terceiro
que cai depois das acusações
de que o lobby da Capital levou empresários para audiência dentro da Casa Civil,
como a Folha revelou.
Tio de Vinícius, o ex-diretor dos Correios Marco Antonio de Oliveira afirmou à Folha que o filho de Erenice fazia nomeações na Casa Civil.
Ele confirma que o próprio
sobrinho foi um dos indicados de Israel. "Eles se conheceram na Anac e, na saída da
Anac, o Vinícius recebeu o
convite do Israel para trabalhar na Casa Civil", disse.
Oliveira reclama que a irmã foi usada como laranja.
No papel, uma das sócias da
Capital é a mãe de Vinícius,
Sônia Elizabeth Oliveira Castro, que sobrevive vendendo
queijo no interior de Minas.
"[Criaram] uma empresa
para fazer consultoria geral.
Ele não poderia aparecer porque era do governo. Por isso
botou minha irmã. Acho uma
coisa deplorável", disse.
Segundo relato de Vinícius
ao tio, a Capital resolveu um
problema da empresa MTA
(Master Top Airlines) na
Anac, que renovou o contrato com a companhia cargueira, ampliando o prazo de três
para dez anos mesmo com
parecer técnico contrário da
agência . "Era esse o perfil
deles, vinham da Anac."
OUTROS LADOS
Procurados pela Folha,
Stevan e Vinícius não foram
localizados. O Sipam informou que Moreto está em férias. Ele também não foi localizado. O advogado de Israel,
Eduardo Ferrão, não respondeu às ligações.
A Casa Civil informou que
Moreto foi nomeado pela Secretaria Executiva da Casa Civil, à época ocupada por Erenice. Stevan foi nomeado pelo secretário de Administração, Norberto Temóteo.
"Essas nomeações atenderam a solicitações do diretor-geral do Sistema de Proteção
da Amazônia", diz a nota.
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