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Comissão de Ética aplica censura a Erenice
Ex-ministra cometeu falta por não apresentar evolução patrimonial e relação de parentes em cargos públicos
Comissão afirma que outros cinco ministros ainda não entregaram documentos depois de terem assumido cargos
DE BRASÍLIA
A Comissão de Ética Pública da Presidência aplicou
censura ontem à ex-ministra
Erenice Guerra por falta ética
ao não mostrar, quando assumiu a chefia da Casa Civil,
documentos sobre sua evolução patrimonial e lista de parentes em cargos públicos.
Toda autoridade que ocupa um cargo na alta administração pública federal é obrigada a apresentar à Comissão a chamada DCI (Declaração Confidencial de Informação), que serve para que se
verifique eventuais casos de
conflito de interesse e nepotismo envolvendo o servidor.
Ontem, a comissão aprovou relatório que pede a
abertura de um processo para apurar as suspeitas de envolvimento de Erenice em
tráfico de influência na Casa
Civil que têm como pivô seu
filho Israel Guerra. A investigação correrá sob sigilo e no
máximo poderá dar nova
censura à ex-ministra.
Erenice deixou a Casa Civil
anteontem, após reportagem
publicada pela Folha em que
sócios da empresa EDRB, de
Campinas, acusam seu filho
Israel e um ex-assessor de pedir R$ 240 mil mais 5% de comissão para agilizar a liberação de crédito do BNDES. Em
nota, Erenice culpou as "paixões eleitorais" pelas acusações contra ela e sua família.
A Comissão fez reunião extraordinária ontem para analisar a situação de Erenice. A
pena de censura foi aprovada por unanimidade.
A censura fica registrada
na ficha do servidor pelos
próximos três anos, mas não
impede que Erenice volte a
assumir cargo no governo.
O Código de Conduta da
Alta Administração Federal
prevê que autoridades devem entregar a DCI em até
dez dias após assumir o cargo, o que, no caso de Erenice,
venceu em 10 de abril.
Segundo o conselheiro Fabio Coutinho, após o vencimento dos dez dias a ex-ministra foi notificada duas vezes pelo atraso na documentação. Em nenhum momento
ela justificou o descumprimento da norma.
A comissão informou que
atualmente existem 54 casos
de atraso no envio da DCI,
dos quais cinco são ministros. A comissão alegou porém que não pode informar o
nome deles.
(FÁBIO AMATO)
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