São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2010

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PV fica neutro e já lança Marina-2014

Senadora vence disputa interna, convence cúpula do partido a não apoiar Serra e ataca tanto PT como PSDB

Em SP, MG e RJ, tucano terá apoio majoritário; Dilma conta com aliados como Gilberto Gil e Sarney Filho

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Em ato marcado por referências a uma nova candidatura em 2014, a terceira colocada na eleição presidencial, Marina Silva (PV), oficializou ontem que permanecerá neutra no segundo turno.
Ela acusou PT e PSDB de pregarem a "mútua aniquilação" na disputa entre Dilma Rousseff e José Serra e disse que pretende liderar um "embrião de terceira via" no país. Aliados defenderam a opção como ponto de partida para a senadora concorrer novamente ao Planalto.
Marina impôs sua escolha à cúpula do PV, que se inclinava a apoiar o tucano e também ficará oficialmente fora da disputa, por acordo antecipado ontem pela Folha. A posição foi aprovada em votação simbólica, por 88 a 4, em convenção da legenda.
No entanto, os verdes foram liberados para se engajar nas duas campanhas. Serra terá apoio majoritário nos três maiores Estados: São Paulo, Minas Gerais e Rio. Dilma contará com aliados isolados, como o ex-ministro Gilberto Gil (Cultura).
A senadora pediu que sua escolha não seja interpretada como omissão. "O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade em relação aos rumos da campanha", disse. "A independência, reafirmando ideias e propostas, é a melhor forma de contribuir com o povo brasileiro."
Ela acusou PT e PSDB de travarem uma "luta fratricida até as últimas consequências". "A agressividade de seu confronto pelo poder sufoca a construção de uma cultura política de paz."

RUMO A 2014
Em discursos, aliados falaram abertamente numa nova candidatura presidencial daqui a quatro anos. "Temos o projeto de nos tornar viáveis em 2014", disse Ricardo Young, que disputou o Senado pelo PV de São Paulo.
Empresário ligado ao ex-vice de Marina, Guilherme Leal, ele afirmou que a "independência" no segundo turno seria necessária para o PV construir sua identidade "como alternativa de poder".
A pastora Valnice Milhomens, que liderou a campanha verde no meio evangélico, foi mais explícita: "Desviar para a esquerda ou a direita é romper uma jornada para o sonho. Rumo a 2014, Marina presidenta!"
Questionada sobre a nova tentativa, Marina desconversou. "Nunca fico me preparando para o próximo passo político", disse. "Neste momento, sou candidata a fazer com que este embrião da terceira via possa prosperar."
A senadora se recusou a revelar em quem votará no dia 31. "O voto é secreto. Para manter minha independência, vou me reservar este direito de eleitora", disse.
Um repórter do humorístico "CQC" a presenteou com um sabonete neutro, na cor verde, para lavar as mãos dela e do partido. "Não é lavar as mãos", reagiu ela. "Temos a disposição de continuar contribuindo com o segundo turno, mesmo fora dele."
Após duas semanas de disputa intensa nos bastidores, a convenção ocorreu em clima de paz. Verdes que já declararam voto, como o serrista Fernando Gabeira e o dilmista Sarney Filho, endossaram a neutralidade da sigla.
Marina prometeu voltar ao Senado na terça-feira. Após o fim do mandato, em fevereiro, passará a aparecer como presidente do IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade). Também deve fazer viagens para se reunir com ambientalistas no exterior.


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