|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Pressão sobre Santana elevou tom na TV
Marqueteiro de Dilma enfrentou críticas de Lula, que pediu peças menos "hollywoodianas" e mais politizadas
Depois de cobranças de aliados, a propaganda passou a comparar os governos do PSDB e do PT e a atacar mais Serra
NATUZA NERY
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
O marqueteiro de Dilma
Rousseff, João Santana, passou o primeiro turno à prova
de "fogo amigo". Com a decisão levada ao segundo turno,
integrantes do núcleo dilmista, governadores e outros
aliados passaram a apontar falhas na propaganda.
Pediram peças mais incisivas contra José Serra, com o objetivo de "desconstruí-lo".
A maior crítica veio do presidente Lula, após o 3 outubro. Ao lado de Franklin Martins, ministro da Comunicação Social, Lula reclamou da "despolitização" da campanha na TV e exigiu a "comparação" entre o projeto governista e a gestão tucana.
A exaltação de ânimos teria chegado ao ponto de
Franklin e Santana terem discutido por causa do escândalo envolvendo a ex-ministra
Erenice Guerra. Segundo a
Folha apurou, o ministro
acusou o marqueteiro de vazar para imprensa sua posição contrária à demissão da
então titular da Casa Civil.
Franklin nega a briga.
A pressão era para que, logo nos primeiros programas
do segundo turno, Santana
tentasse colar pontos negativos do governo FHC e privatizações à imagem de Serra,
além de apregoar que o tucano, caso eleito, entregaria os
recursos do pré-sal às multinacionais do petróleo.
Até então intocável, Santana foi levado a assimilar mudanças. Concordou com um
programa mais incisivo, mas
quis fazê-lo aos poucos, para não "assustar" o eleitor.
Nos primeiros dias do segundo turno, o comando dilmista considerou um erro insistir em peças "olímpicas"
-ou, conforme a expressão
usada por Lula, "hollywoodianas". Ele se queixou da
demora em explorar a capitalização da Petrobras, que só
apareceria na TV dias depois.
PRESSA
O "QG" da campanha cobrou pressa, e o programa só
começou a mudar na segunda, após o debate da Band,
quando Dilma atacou Serra.
A opinião dominante na
campanha é de que essa é a
linha adequada, evitando,
porém, agressividade excessiva. O horário eleitoral da
noite da última quinta levou
ao ar uma tática tida como arriscada pelos marqueteiros.
Os ataques foram feitos pela própria Dilma, que citou
Serra nominalmente e pontuou a "diferença" entre seu
projeto e o "projeto da turma
do contra", insinuando que o tucano privatizaria o pré-sal.
Na polêmica do aborto,
tanto Santana como o time
próximo à presidenciável
não a convenceram a evitar o
tema. Conseguiram, todavia,
que ela não respondesse aos
boatos no horário eleitoral.
Para um integrante do governo, o material de TV "melhorou" na última semana.
Um assessor do presidente
apontou a razão para o descompasso inicial nos programas: a certeza de que a eleição seria decidida no primeiro turno. O marqueteiro teria
chegado realizar uma confraternização com sua equipe.
Colaborou MÁRCIO FALCÃO, de Brasília
Texto Anterior: Toda Mídia - Nelson de Sá: Duas semanas Próximo Texto: Campanhas ampliam propaganda negativa no segundo turno Índice | Comunicar Erros
|