São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2011

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OPINIÃO

Esporte brasileiro cresce, sem política esportiva e sob condução deplorável

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR DE ESPORTE

Circunstâncias levam o ministro do Esporte ao paredão. Não há novidade nas denúncias até aqui apresentadas. O PM de Brasília e a ex-jogadora de basquete, para quem é do meio, são personagens tão antigos como o aparelhamento do ministério pelo PC do B. O que existe de novo -e por isso mesmo já argumento de defesa de Orlando Silva- é o momento da denúncia.
Até sábado, Silva era o executivo da Copa. Havia tirado essa prerrogativa de Ricardo Teixeira, o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local de 2014.
O cartola perdeu o cargo ao se desnudar para a revista "piauí" por vaidade, em desastrada manobra de relações públicas. O retrato resultou praticamente pornográfico.
Teixeira, como o ministro, convive bem com denúncias. Tantas são que se perdem, soam repetitivas. A última virou inquérito a pedido do Ministério Público Federal. O retrospecto diz que o cartola tira essa de letra. Apenas na última década, trancou mais de uma dezena de processos.
Teixeira deve ter bons advogados, mas contou e conta, também como o ministro, com a complacência de governos. O cartola, presumivelmente por ter o futebol nas mãos. O ministro, por algum motivo ainda a ser explicado.
A semana será de insinuações. De um lado, que é coincidência demais Silva apanhar na semana que deveria estar se refestelando nos ouros do Pan. De outro, que sua presença no ministério coloca o Mundial sob risco.
O único fato nisso tudo é que o esporte no país cresce (e crescerá ainda mais nos próximos anos) sob condução deplorável. A modernização acontece aos trancos e apenas nos setores que interessam ao mercado. Não é coincidência. O esporte não é diferente do país, os cartolas não são diferentes dos políticos, aferrados a seus cargos e benesses e sempre dispostos a fechar o nariz.
Pior, o esporte cresce sem política esportiva. O que há sai de seu bolso e não volta: isenção fiscal em troca de estádios e medalhas, e assistencialismo em troca de votos.


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