São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2011

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BC espera queda nas previsões de inflação

Para equipe econômica, crise afetará crescimento do país, o que tende a se refletir nas projeções de alta dos preços

Economistas avaliam que a inflação no ano que vem ficará em 5,61%, mas para o BC o índice será de 4,7%

SHEILA D'AMORIM

DE BRASÍLIA

Apesar de o Banco Central e o mercado financeiro divergirem sobre as previsões para inflação no ano que vem, integrantes da equipe econômica acreditam que, daqui para frente, as projeções do setor privado deverão se aproximar mais da meta oficial.
O limite estipulado pelo governo para este ano e 2012 é de 4,5%, com margem de variação até 6,5%. A projeção do BC aponta para uma inflação de 4,7% no fim do próximo ano.
Mas a previsão de economistas e analistas de mercado está bem acima desse valor. Em levantamento semanal do BC, eles elevaram pela sétima semana seguida suas previsões, para 5,61%.
Mesmo com a nova alta nas projeções, as avaliações dentro do governo são de que os preços já estão recuando.
As apostas da equipe econômica são de que esse movimento se acentuará ainda mais, na medida em que a crise internacional se traduzir em menor crescimento da economia do país.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim de agosto, o mercado foi surpreendido por um corte de 0,50 ponto na taxa básica de juros, que caiu para 12% ao ano.
Desta vez, as projeções são de um novo corte na reunião de amanhã, de mais 0,50%, o que levaria a taxa de juros para 11,5% ao ano.
O governo avalia que as diferenças de projeções são naturais diante de um "cenário novo e complexo" como o que vigora desde o final de 2008.
Mas a convicção dos conselheiros econômicos da presidente Dilma Rousseff é de que os indicadores mais recentes sobre a economia estão dando razão à estratégia adotada.
Apesar de o mercado ter digerido os cortes nos juros, ainda não concorda com o diagnóstico do BC.

DESCONFIANÇA
Para alguns analistas, uma desaceleração mais relevante da economia do país só acontecerá no terceiro e no quatro trimestres deste ano.
Mas eles ponderam que, como a renda continua alta, impulsionada por reajustes salariais acima da inflação, os preços permanecerão pressionados, ainda que a economia desaqueça um pouco.
A economista Zeina Latiff, do Royal Bank of Scotland, ressalta que tem fatores que puxarão a inflação para cima no ano que vem, especialmente por conta do reajuste do salário mínimo já contratado e dos dissídios coletivos que tendem a melhorar o poder de compra das famílias.
"Os reajustes salariais estão com ganhos reais altos e isso deve elevar a rigidez da inflação, sobretudo, no setor de serviços", avalia Zeina.
Em relatório divulgado ontem, o banco Fator afirma que o BC conseguiu coordenar as expectativas do mercado, cujas apostas para a nova taxa de juros estão mais alinhadas, em 11,50%.
Mas enfatiza que as expectativas de inflação para 2012 pioraram.


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