São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011

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Senador nega ter subornado testemunhas

Gilvam Borges é acusado de ter forjado depoimentos que levaram à cassação de adversário

JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO

O senador Gilvam Borges (PMDB-AP) disse que os ex-funcionários de empresas de sua família que afirmam ter participado de um esquema para subornar testemunhas a mando dele estão mentindo.
Segundo Gilvam, eles foram "comprados" pelo grupo político de seu rival João Capiberibe (PSB-AP).
Nos últimos três meses, Gilvam Borges, 52, foi acusado por ex-funcionários de ter solicitado a eles que providenciassem, em 2002, testemunhas para depor contra Capiberibe, então recém-eleito para o Senado, e sua mulher, Janete, que havia sido eleita deputada federal.
Os testemunhos se tornaram a base de um processo contra os Capiberibe, que acabaram cassados, em 2005 e 2006, por compra de votos.
Gilvam, que havia ficado em terceiro lugar na eleição para o Senado pelo Amapá, herdou a vaga no Congresso.
Em entrevista à Folha, o senador disse ontem que os dois testemunhos são somente parte de uma série de acusações que havia na época contra o casal Capiberibe.
"Ele [Capiberibe] está minimizando. Foram apreendidas listas com mais de 4.500 nomes de eleitores. Está tudo nos autos", disse o senador, aliado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), antigo rival político de Capiberibe no Amapá.
Na semana passada, a Folha entrevistou Veranilda Rodrigues, ex-funcionária de uma emissora de TV da família Borges.
Veranilda fez acusações semelhantes às divulgadas no ano passado pelo cinegrafista Roberval Araújo, que foi primeiro ex-funcionário a prestar depoimento sobre a suposta compra de testemunhas.
Veranilda disse que Geovani Borges, irmão do senador que cuida das empresas da família, foi peça-chave na suposta armação.
Gilvam nega. "É tudo mentira. Compraram ela. Estão novamente usando o mesmo método de compra de votos", afirmou.

ADVOGADO
Gilvam também negou ter dado qualquer tipo de apoio às duas testemunhas no processo contra os Capiberibe.
Em novembro do ano passado, as duas mulheres que testemunharam contra o casal foram à sede do Ministério Público Estadual em Macapá acompanhadas de advogado que também trabalha para as empresas da família do senador.
Para Gilvam, isso "não passou de uma coincidência". "O Amapá é um lugar pequeno, onde todos se conhecem. Elas é que procuraram esse advogado", disse.
Ele também afirmou que não está preocupado com qualquer ação que o PSB venha a mover no Conselho de Ética do Senado ou na Justiça (leia texto nesta página).
"É um direito dele [Capiberibe]. Ele é um cidadão livre. Fico tranquilo quanto a isso", disse.


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