São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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ANÁLISE

"Fogo amigo" na economia obriga Dilma a intervir e apaziguar clima na equipe

SHEILA D'AMORIM
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O medo de perder o controle sobre a inflação gerou a primeira crise na equipe econômica do governo Dilma Rousseff. A dificuldade em orientar as expectativas do mercado financeiro expôs o Banco Central, deixou o Ministério da Fazenda sob ataques do fogo amigo e obrigou a presidente a romper o silêncio para reafirmar publicamente o controle de preços como prioritário na gestão.
As declarações de Dilma, dadas ao jornal "Valor Econômico", tentam colocar a casa em ordem num momento em que cresciam no mercado questionamentos sobre a atuação do BC e, nos bastidores do governo, surgiam boatos sobre insatisfações da presidente com o ministro Guido Mantega (Fazenda).
Segundo a Folha apurou, o clima ficou ruim por causa da publicação de notícias destacando a força que Tombini estaria conquistando dentro da equipe econômica. Mantega não gostou. Tombini soube e tratou de ligar para o colega de ministério e para a presidente e acabar com qualquer constrangimento.
À frente do BC há três meses, Tombini faz questão de demonstrar que tem perfil bem diferente do antecessor.
Avesso a reuniões restritas a investidores considerados formadores de opinião, contrariou interesses ao bancar um aumento dos juros de 0,5 ponto percentual, em vez do esperado 0,75 ponto.
Também deixou claro que a taxa de juros não será o único instrumento para o controle da inflação e que lançará mão de outras medidas de contenção do crédito.
Assessores próximos ao ministro da Fazenda identificam o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) como o maior crítico de Mantega dentro e fora do governo.
Apesar das divergências econômicas, Palocci evita a imagem de que está em atrito. Mas ele e Dilma consideraram infelizes as afirmações de Mantega de que o ajuste fiscal não tem como objetivo maior combater a inflação.
Avaliaram que foi uma negação ao fato de que a alta da inflação também está relacionada ao aquecimento da demanda interna.
As divergências não são encaradas como um problema pela presidente, que não gosta de ver o debate interno ganhar o noticiário e ser alimentado por sua equipe.


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