São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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Ministério Público denuncia filha de Roriz

Promotoria do DF também processa ex-governador Arruda e o delator do mensalão do DEM por desvio de recursos

Promotores dizem que os recursos distribuídos na campanha de 2006 têm origem ilícita e pedem bloqueio de bens

MATHEUS LEITÃO
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

O Ministério Público do Distrito Federal denunciou ontem por improbidade administrativa a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN), seu marido, Manoel Neto, o ex-governador do DF José Roberto Arruda e Durval Barbosa, delator do mensalão do DEM, esquema em que estão supostamente envolvidos.
Na ação, o Ministério Público do DF afirma que o dinheiro tem origem ilícita e foi entregue por Durval a Jaqueline -conforme vídeo divulgado há duas semanas- "a mando de Arruda", como retribuição por "apoio político" na campanha de 2006, quando ela era candidata à deputada distrital e ele, a governador.
O Ministério Público também pediu em outra ação, em caráter liminar, a indisponibilidade de todos os bens dos quatro denunciados e de suas empresas, no valor total de R$ 300 mil.
Os promotores do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas afirmam que há "o perigo concreto de que os réus se desfaçam ou ocultem seu patrimônio, a fim de se esquivarem do pedido de perdido dos bens acrescidos ilicitamente, ressarcimento integral de danos aos cofres públicos e multa".
Nas duas ações, as quais a Folha teve acesso, o Ministério Público afirma que o dinheiro pago foi desviado por meio de contratações públicas viciadas.
Para a Promotoria, os atos dos suspeitos geraram enriquecimento ilícito e prejuízo ao patrimônio público.

ENCONTROS
Em depoimento inédito de Durval anexado às ações, o delator diz que entregou R$ 50 mil em espécie ao casal em um primeiro momento.
Durval também disse que em um segundo encontro, que até hoje não foi detalhado, deu a Manoel Neto "entre R$ 30 mil e R$5 0 mil", valor que deveria ser entregue a Jaqueline.
Também foram dados, de acordo com Durval, de três a cinco "equipamentos de rádio para que ela usasse na campanha eleitoral".
"Esses valores e os equipamentos repassados a Jaqueline Roriz foram uma retribuição determinada pelo então candidato José Roberto Arruda, tendo em conta o compromisso de que Jaqueline Roriz não pediria votos a favor da coligação da candidata Maria de Lourdes Abadia", completa Durval no depoimento.
Na época, Abadia era candidata ao governo do Distrito Federal e, como Jaqueline, filiada ao PSDB. Arruda venceu a eleição pelo então PFL, hoje DEM. De acordo com Durval, Jaqueline teria recebido o dinheiro para trair Abadia na campanha e favorecer Arruda.
O ex-governador, suspeito de comandar o esquema de corrupção no DF, perdeu o cargo em março de 2010, depois de passar dois meses preso, acusado de coagir testemunhas da investigação.
Os advogados de Durval Barbosa e José Roberto Arruda não foram localizados.
A assessoria de imprensa de Jaqueline Roriz diz que ainda não foi notificada da ação e só se pronunciará após analisar o processo.


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