São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Governo manobra e barra convocação de Palocci pela Câmara

Com ampla maioria, base de apoio de Dilma evitou pedido da oposição para que ministro desse explicações

Ao contrário de outros tucanos, ex-governador de SP Alberto Goldman afirmou ter havido "tráfico de influência"


Lula Marques/Folhapress
Deputados no plenário, durante sessão em que discutiam convocação de Palocci

LARISSA GUIMARÃES
GABRIELA GUERREIRO

DE BRASÍLIA

O governo conseguiu ontem derrubar com folga todas as tentativas feitas pela oposição de convocar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para dar explicações à Câmara dos Deputados sobre sua evolução patrimonial.
Na principal delas, o plenário da Casa rejeitou por 266 votos a 72 o pedido de convocação de Palocci, com ajuda de integrantes da oposição.
Os oposicionistas começaram logo cedo a tentativa de aprovar os requerimentos, nas comissões de Fiscalização e Controle e de Agricultura, essa última comandada por um deputado do DEM. Mas as duas sessões acabaram suspensas devido a uma manobra da base governista.
No mesmo horário das tentativas de convocação, foi iniciada sessão extraordinária no plenário da Casa, o que automaticamente impede votações nas comissões.
Oposicionistas chegaram a colar cartazes nas paredes das comissões com o texto "Blindagem para Palocci".
"O governo quer colocar uma mordaça na oposição", reclamou ACM Neto (BA), líder da bancada do DEM.
Os três pedidos de convocação foram levados para plenário e derrubados com folga. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) acusou governo e oposição de firmarem acordo em troca de alterações no projeto de reformulação do Código Florestal.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que a oposição tentou "desmoralizar" o governo. "Não é possível que sejam tão insensatos, imaturos e primários para transforma o plenário em um debate sobre o ministro Palocci."
No Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), também saiu em defesa do ministro dizendo não ver irregularidades "do ponto de vista ético". "Todos que têm exercido cargos públicos na área econômica, eles adquirem uma soma de experiência e através dessa soma de experiência têm tido atividade na área privada", afirmou.
Reportagem da Folha revelou, no domingo, que Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio ao comprar um apartamento em São Paulo por R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 882 mil.

TRÁFICO
Ao contrário de outros líderes tucanos, que adotaram cautela ao tratar do tema, o ex-governador de SP Alberto Goldman afirmou em seu blog que o petista praticou "tráfico de influência".
"Ao fazer o papel de consultor privado nesses últimos anos não apenas usou de seus conhecimentos adquiridos, o que seria legal e moralmente aceitável, mas usou de sua influência sobre um governo que, mesmo fora dele, ainda em parte comandava."


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Procurador-geral da República pedirá informações a ministro
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.