São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Crescimento econômico volta a acelerar e eleva temor de inflação

Atividade cresceu 4% de janeiro a março, no confronto com o mesmo período do ano anterior

Desde o fim de 2010, governo adota medidas de restrição ao crédito para esfriar a economia e conter a alta de preços


MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

Indicador divulgado ontem pelo Banco Central mostra que a economia brasileira voltou a acelerar em março, mesmo depois da aplicação de medidas para tentar esfriar o crescimento.
No primeiro trimestre, a atividade cresceu 1,28% ante o quarto trimestre de 2010.
Em relação aos primeiros três meses do ano passado, a expansão foi de 4%.
O índice funciona como uma prévia do PIB (a soma de bens e riquezas produzidas no país), já que os dados do primeiro trimestre serão conhecidos apenas em junho.
Para economistas, os dados confirmam que a economia começou o ano mais aquecida. E que uma desaceleração só ocorrerá a partir do segundo trimestre.
Desde dezembro o governo anuncia ações para conter o crédito e reduzir o consumo. O objetivo é esfriar a economia e segurar a inflação, que cresce mês a mês.
Em janeiro, o BC também retomou os aumentos na taxa básica de juros, que haviam sido suspensos em meados do ano anterior.
Relatório do Banco Fator mostra que o crescimento da economia no trimestre encerrado em março, com base nos dados do BC, foi ainda mais alto do que o fechado até fevereiro, o que indica aceleração recente.
No quarto trimestre, a expansão ante o período anterior havia sido de 1%. O economista Aloísio Campello, da Fundação Getulio Vargas, diz que os indicadores de abril revelam que a atividade começa a esfriar, mas não de forma homogênea.
"A indústria, que deu um salto no primeiro trimestre, está desacelerando. Mas no setor de serviços, nem todos os segmentos apontam redução", afirma, citando os serviços prestados a empresas e de telecomunicações.
O economista do banco West LB Roberto Padovani diz que pode elevar sua previsão para o PIB do primeiro trimestre depois de ontem.
Para ele, o resultado pode aumentar a tensão entre analistas de mercado e o BC. "Ou o mercado passará a prever mais inflação ou mais juros."
O economista Santander Cristiano Souza explica que um nível de atividade como o observado pelo BC "não desacelera a inflação": "Com um crescimento desses, a inflação não vai convergir para 4,5% [meta do BC] em 2012".
Ontem, a FGV divulgou que a segunda prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) subiu de 0,55% em abril para 0,66% em maio.

Colaborou LORENNA RODRIGUES, de Brasília


Texto Anterior: São Paulo: PT e PMDB fazem acordo para ter candidatos próprios à prefeitura
Próximo Texto: Bancos sabotam medidas para conter crédito, diz Ipea
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.