São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

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Governo banca festa de R$ 15 mi para assentados

Feira para pequenos agricultores terá itens de luxo como painéis de LED

Segundo o coordenador do evento, intenção é fazer um evento com a qualidade comparável aos da agroindústria


DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

Uma festa para pequenos agricultores e famílias de assentados da reforma agrária, em Brasília, está orçada em R$ 15,8 milhões.
São recursos do orçamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que ainda captou, por meio de uma ONG, mais R$ 1 milhão -quase a totalidade desse valor foi obtida de estatais.
Trata-se da 7ª Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Brasil Rural Contemporâneo), que começou na quarta-feira e termina amanhã em Brasília.
Foram gastos R$ 13,7 milhões para montagem do evento e o restante será usado para transporte, publicidade e hospedagem.
O custo total da feira, que teve a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira, é o equivalente ao do evento de 2009, realizado no Rio de Janeiro.
A festa, que conta com a apresentação de Paulinho da Viola e Lenine, tem painéis de tecnologia LED, telão "double screen", coqueiros cenográficos e pisos de vidro, entre outros itens de luxo.
Alguns dos artigos que faziam parte do contrato não foram instalados, como brinquedo no espaço reservado para as crianças e arranjos de paisagismo, como coqueiros na entrada. Uma estrutura de R$ 53,6 mil que deveria estar na rodoviária da cidade, para dar apoio ao público, nem chegou a ser montada.
O palco no qual o presidente discursou teve custo de R$ 1.674.100,80 para montagem, iluminação, sonorização e colocação de painéis de LED.
O coordenador da feira Luiz Felipe Nelsis, do Desenvolvimento Agrário, afirmou que não há itens luxuosos no evento e que a intenção do ministério é fazer um evento com a qualidade comparável aos da agroindústria.
"Não é porque é para uma população mais pobre que não vamos fazer uma coisa boa. Queremos mostrar que [a agricultura familiar] não é um rural atrasado", afirmou.
Ele disse também que já foram suprimidos R$ 2,233 milhões do custo total, referentes ao que não foi entregue pela empresa contratada. Segundo Nelsis, a Controladoria-Geral da União faz a fiscalização dos gastos.
A empresa responsável pela montagem do evento foi a Carla Dias Viagens e Eventos, que venceu um pregão eletrônico com o valor de R$ 13,7 milhões. O pregão foi realizado pelo preço global, não pelo preço de cada item.

PROBLEMAS
Carla Dias, proprietária da empresa, afirmou que, por problemas técnicos, não foi possível instalar todos os itens e que o ministério foi informado do assunto.
"Não podíamos ficar mexendo ali para não prejudicar a estrutura", afirmou ela, ao citar os coqueiros que seriam colocados na entrada.
Atanagildo Brandolt, diretor do Instituto Latinoamerica, ONG que captou recursos de patrocínio, afirmou que foi convidado pela terceira vez pelo ministério para receber e pagar aos artistas.


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