São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2010

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Filme sobre vida de Lula tem exibição nos EUA ameaçada

Acordo nuclear entre Brasil e o presidente Mahmoud Ahmadinejad causou o cancelamento, diz produtora

Biografia, que estrearia em salas americanas no ano que vem, está agora sem nenhuma previsão de distribuiçãonos EUA

VÂNIA CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM NOVA YORK

O filme "Lula, o Filho do Brasil" corre o risco de ficar de fora do circuito de salas de cinema nos Estados Unidos.
Segundo a produtora Paula Barreto, irmã do diretor Fábio Barreto, os planos de sucesso da cinebiografia no maior mercado de cinema do mundo teriam naufragado após o acordo nuclear negociado por Brasil e Turquia com o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Imagens de Lula celebrando com o Ahmadinejad teriam vinculado demais o nome do presidente brasileiro ao regime islâmico.
Ahmadinejad é conhecido por negar o Holocausto judeu na Segunda Guerra Mundial e prometer a destruição de Israel. A possibilidade de o Irã desenvolver uma bomba nuclear é hoje a principal preocupação da comunidade judaica nos Estados Unidos.
"O distribuidor é judeu e nos disse que era inviável exibir o filme num cinema onde a maioria do público é de judeus", afirmou Paula, que está em Nova York para o festival Premiere Brazil, organizado pelo Museu de Arte Moderna(MoMA).
O filme sobre Lula foi exibido ontem pela primeira vez em solo americano, como parte da programação do festival.
Uma segunda sessão vai acontecer na quinta-feira, 29. Essas podem ser as únicas exibições do longa em cinemas daquele país.
A previsão da distribuidora era estrear "Lula, o Filho do Brasil" por lá em 2011. O plano era repetir a estratégia usada em "Dona Flor e Seus Dois Maridos", começando por Nova York, em uma sala do Lincoln Plaza, e, depois, estendendo para salas nas principais cidades dos EUA.

"SONHO AMERICANO"
Paula Barreto diz que havia grande expectativa de sucesso para "Lula, Filho do Brasil" nos EUA, já que a trajetória do personagem é o que se pode descrever como o "sonho americano".
"A história do Lula tem muito do modelo de sucesso deles, do ‘self-made man’, do homem que desafia todas as condições [desfavoráveis] e vence pelo mérito", diz.
Paula não quis revelar o nome do distribuidor americano que desistiu do filme, afirmando que mantém um relacionamento antigo e de amizade. "Eles distribuíram outros filmes da nossa produtora nos Estados Unidos, como o ‘Dona Flor’ e o ‘Bye Bye,Brazil’",disse, acrescentando que os exibidores "adoraram" o filme de Lula.
A página de divulgação de "Lula, o Filho do Brasil" na internet cita a distribuidora norte-americana Miramax como parceira no projeto.
A Miramax tem entre seus fundadores o judeu Harvey Weinstein, um dos mais influentes executivos do cinema americano.


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