São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010

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Corrupção no AP envolve até Judiciário

Ao menos três desembargadores podem ter participado de esquema de desvio de recursos públicos, segundo a PF

Inquérito aponta que Secretaria Estadual da Saúde pagava aluguel de suposta amante do presidente do TJ


JOÃO CARLOS MAGALHÃES
< ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ (AP)

Investigações da Polícia Federal indicam que o suposto megaesquema de desvios de recursos públicos no Amapá pode incluir até o Judiciário. Ao menos três desembargadores do Tribunal de Justiça local são citados no inquérito por membros da "quadrilha", como diz a PF.
Os nomes aparecem durante conversas de suspeitos. Segundo o inquérito policial, um dos desembargadores, Gilberto Pinheiro, tinha o aluguel da casa de uma suposta "amante" (o termo é da PF) pago pela Secretaria Estadual da Saúde.
Essa secretaria era o habitat dos pivôs do esquema, como o hoje governador Pedro Paulo Dias (PP), titular da pasta até este ano. Além dele, tinham tráfego livre ali Livia Gato, assessora apontada pela PF como amante de Dias, e Alexandre Albuquerque, dono da Amapá VIP, empresa de vigilância privada com contratos supostamente irregulares no governo.
As conversas -entre Dias, Livia e um outro assessor- sobre o pagamento do aluguel à mulher ligada a Pinheiro são do fim de 2009.
O nome da mulher é Ana Paula Batifá. Seu aluguel estava atrasado e foi quitado.
Em dezembro, Dias ligou para a amante e perguntou se o pagamento do "aluguel daquela pessoa ligada lá ao tribunal" foi "resolvido". Seria o "negócio da Ana Paula".

ATÉ O INTERINO
Pinheiro é o presidente em exercício do TJ, no lugar de Dôglas Evangelista, que, com a prisão de Dias, assumiu interinamente o Estado.
Dôglas é citado em grampo no qual um homem diz que "ainda hoje" faria "o serviço de Dôglas do tribunal", que o "Paulo havia pedido". Para a PF, "Paulo" é Paulo Melém, suposto "testa de ferro" do prefeito de Macapá e primo de Waldez Góes, Roberto Góes.
O terceiro citado é o juiz Edinardo Souza. Pouco depois da menção, permitiu que Adauto Bitencourt, o titular da Educação suspeito de desvio de R$ 200 milhões, ficasse no cargo. O Ministério Público pedira sua saída.
Os juízes não falaram à Folha.


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