São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010

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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

Apadrinhado de Erenice recebeu propina de R$ 200 mil na Casa Civil, diz revista

Segundo a "Veja", testemunha afirmou que dinheiro era comissão por compra de remédio contra gripe suína

Exonerado na semana passada, assessor teria recebido quantia em espécie por compra extra de medicamento


DE BRASÍLIA

O advogado Vinícius de Oliveira Castro recebeu um envelope com R$ 200 mil em dinheiro de propina dentro da Casa Civil da Presidência da República em julho de 2009, logo depois de assumir um cargo de confiança da ex-ministra Erenice Guerra, segundo a edição da revista "Veja" desta semana.
O dinheiro, segundo o tio de Castro e ex-diretor dos Correios Marco Antonio de Oliveira disse à revista, era parte da propina distribuída na Casa Civil após a compra sem licitação, no valor de R$ 34,7 milhões, de medicamento para combater a gripe suína, em junho de 2009.
Na época do episódio, Erenice ainda era a principal assessora da então ministra Dilma Rousseff, hoje candidata do PT à Presidência.
Castro foi demitido na segunda-feira após a revelação de que ele e um filho de Erenice, Israel Guerra, eram sócios da Capital Assessoria, empresa de lobby que operaria no governo federal.
O suposto esquema de tráfico de influência que operava na Casa Civil levou à queda da ex-ministra Erenice Guerra, na quinta-feira, após a Folha revelar que a Capital cobrou R$ 240 mil e "taxa de sucesso" de 5% para liberar empréstimo de R$ 9 bilhões do BNDES.

ENVELOPE
Em entrevista à "Veja", Oliveira, que não foi localizado ontem pela Folha, disse que o sobrinho relatou ter encontrado o envelope na gaveta de sua mesa, a poucos metros do gabinete de Erenice, ao chegar ao trabalho, pela manhã.
Além dele, outros três funcionários da Casa Civil teriam recebido o agrado, conforme relato da revista.
Erenice, seus familiares e empresas ligadas ao grupo são investigados em inquérito aberto pela Polícia Federal para apurar o caso.
A ex-ministra sofreu "censura" na sexta pela Comissão de Ética da Presidência por não ter declarado patrimônio ao assumir o cargo.

"PP DO TAMIFLU"
Ainda conforme a revista, Castro perguntou a um colega da Casa Civil do que se tratava o dinheiro. "É a "PP" [propina] do Tamiflu [remédio em questão], é a sua cota. Chegou para todo mundo".
A propina teria sido paga porque o governo adquiriu mais medicamentos do que o necessário. O Ministério da Saúde nega.
Três pessoas saíram da Casa Civil desde que vieram a público os casos de tráfico de influência: Erenice, Castro e Stevan Kanezevic. Os dois últimos foram colegas de Israel Guerra na Agência Nacional de Aviação Civil.


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