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Apuração sobre Erenice só sai após eleição
Casa Civil prorroga por mais 30 dias o prazo para comissão de sindicância investigar tráfico de influência na pasta
Comissão de Ética da Presidência também se reuniria para analisar as acusações, mas o encontro foi cancelado
DE BRASÍLIA
A Casa Civil irá divulgar só
após a eleição o resultado de
sindicância interna aberta
para investigar tráfico de influência de servidores ligados a Israel Guerra, filho da
ex-ministra Erenice Guerra.
Erenice, braço direito no
governo da candidata petista
Dilma Rousseff, deixou o comando da Casa Civil em setembro. Após a revista "Veja"
revelar que Israel integrava
um esquema de lobby, a Folha mostrou que um empresário o acusou de cobrar dinheiro para obter liberação
de empréstimo no BNDES.
Dois amigos de Israel, Vinícius de Castro e Stevan
Knezevic, lotados na Casa Civil, são apontados como integrantes do esquema.
Vinícius chegou a agendar
uma reunião na Casa Civil
em novembro de 2009 com
empresários interessados em
projetos com o governo. Dois
deles, Rubnei Quícoli e o sócio da empresa EDRB, Aldo
Wagner, disseram à Folha
que Erenice estava na reunião. O governo confirma a
audiência, mas nega que Erenice tenha participado.
A "Veja" já havia publicado que Israel Guerra intercedeu pela empresa MTA Linhas Aéreas para a obtenção
de um contrato com os Correios mediante taxa de "êxito". Outra reportagem da revista diz que Vinicius teria recebido R$ 200 mil como comissão referente à venda de
um remédio junto à União. O
dinheiro estaria em uma gaveta dentro da Casa Civil.
Uma comissão integrada
por três servidores de carreira foi então formada em 17 de
setembro para investigar a
atuação dos servidores. O
prazo para apurar as denúncias venceu anteontem.
Um portaria publicada no
"Diário Oficial" prorrogou
por mais 30 dias os trabalhos
da comissão. Segundo a assessoria de imprensa da Casa
Civil, a mudança ocorreu
porque a comissão não concluiu a apuração do caso.
A Folha questionou a Casa
Civil sobre a sindicância e
quem foram as pessoas ouvidas até agora. A assessoria
não respondeu, alegando
que o trabalho é "sigiloso".
O resultado será apresentado ao interino da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves
Lima, e a ele caberá decidir o
que será feito da investigação
e se ela será divulgada ou se
as conclusões serão mantidas sob sigilo. Dependendo
do que descobrir, a investigação pode atingir Erenice.
A Casa Civil negou motivação eleitoral para prorrogar a
sindicância e disse que é praxe que as investigações internas durem 60 dias. A assessoria disse que ainda poderá
haver mais uma prorrogação
de 30 dias, dependendo da
evolução das investigações.
Ontem, a Comissão de Ética Pública da Presidência
também se reuniria para analisar processo sobre envolvimento de Erenice em tráfico
de influência, mas o encontro foi cancelado por falta de
quorum. Na mais recente
reunião da comissão, foi aplicada uma censura pública à
ex-ministra por ter cometido
falta ética.
(SIMONE IGLESIAS)
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