São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2010

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Apuração sobre Erenice só sai após eleição

Casa Civil prorroga por mais 30 dias o prazo para comissão de sindicância investigar tráfico de influência na pasta

Comissão de Ética da Presidência também se reuniria para analisar as acusações, mas o encontro foi cancelado

DE BRASÍLIA

A Casa Civil irá divulgar só após a eleição o resultado de sindicância interna aberta para investigar tráfico de influência de servidores ligados a Israel Guerra, filho da ex-ministra Erenice Guerra.
Erenice, braço direito no governo da candidata petista Dilma Rousseff, deixou o comando da Casa Civil em setembro. Após a revista "Veja" revelar que Israel integrava um esquema de lobby, a Folha mostrou que um empresário o acusou de cobrar dinheiro para obter liberação de empréstimo no BNDES.
Dois amigos de Israel, Vinícius de Castro e Stevan Knezevic, lotados na Casa Civil, são apontados como integrantes do esquema.
Vinícius chegou a agendar uma reunião na Casa Civil em novembro de 2009 com empresários interessados em projetos com o governo. Dois deles, Rubnei Quícoli e o sócio da empresa EDRB, Aldo Wagner, disseram à Folha que Erenice estava na reunião. O governo confirma a audiência, mas nega que Erenice tenha participado.
A "Veja" já havia publicado que Israel Guerra intercedeu pela empresa MTA Linhas Aéreas para a obtenção de um contrato com os Correios mediante taxa de "êxito". Outra reportagem da revista diz que Vinicius teria recebido R$ 200 mil como comissão referente à venda de um remédio junto à União. O dinheiro estaria em uma gaveta dentro da Casa Civil.
Uma comissão integrada por três servidores de carreira foi então formada em 17 de setembro para investigar a atuação dos servidores. O prazo para apurar as denúncias venceu anteontem.
Um portaria publicada no "Diário Oficial" prorrogou por mais 30 dias os trabalhos da comissão. Segundo a assessoria de imprensa da Casa Civil, a mudança ocorreu porque a comissão não concluiu a apuração do caso.
A Folha questionou a Casa Civil sobre a sindicância e quem foram as pessoas ouvidas até agora. A assessoria não respondeu, alegando que o trabalho é "sigiloso".
O resultado será apresentado ao interino da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima, e a ele caberá decidir o que será feito da investigação e se ela será divulgada ou se as conclusões serão mantidas sob sigilo. Dependendo do que descobrir, a investigação pode atingir Erenice.
A Casa Civil negou motivação eleitoral para prorrogar a sindicância e disse que é praxe que as investigações internas durem 60 dias. A assessoria disse que ainda poderá haver mais uma prorrogação de 30 dias, dependendo da evolução das investigações.
Ontem, a Comissão de Ética Pública da Presidência também se reuniria para analisar processo sobre envolvimento de Erenice em tráfico de influência, mas o encontro foi cancelado por falta de quorum. Na mais recente reunião da comissão, foi aplicada uma censura pública à ex-ministra por ter cometido falta ética. (SIMONE IGLESIAS)


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