São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

MAURO PAULINO

Caça aos infiéis


Estabilidade da campanha só será quebrada se algum candidato conseguir tirar votos de seu adversário

A MAIS RECENTE pesquisa do Datafolha revelou que a atual estabilidade da disputa eleitoral só será quebrada se Dilma ou Serra conseguirem convencer eleitores do adversário a mudar o voto. São aqueles que, quando abordados, afirmam que se a eleição fosse hoje votariam em um dos candidatos, anulariam ou votariam em branco. Mas quando questionados se essa é uma decisão definitiva, 1 em cada 10 cogita a possibilidade de mudar.
Faltando apenas 12 dias e dois debates para a votação, serão esses eleitores suscetíveis a mudar de lado que estarão sob a mira das campanhas. Representam 8% do total do eleitorado e a eles somam-se 8% de indecisos. Estes historicamente dividem-se proporcionalmente às intenções de voto e acabam não fazendo diferença. Os que admitem mudar de lado é que podem ser persuadidos e fazer a balança pender.
Esse segmento ainda mutável do eleitorado é composto principalmente por mulheres, eleitores mais jovens e com nível médio de escolaridade. Destacam-se os integrantes da população economicamente ativa e os que residem nas grandes cidades, especialmente da região Sudeste.
São características de quem está ingressando no mercado de trabalho ou prestes a definir os rumos da carreira. É possível que temas envolvendo primeiro emprego ou ingresso na universidade tenham repercussão nesses segmentos.
Pesquisa realizada pelo Datafolha em setembro sobre os principais problemas do país mostra que as mulheres preocupam-se acima da média com o sistema de saúde e que os jovens e os que têm nível médio de escolaridade destacam a educação.
A preocupação com a empregabilidade recebe menções acima da média entre os que compõem a População Economicamente Ativa. Em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, principais capitais da região Sudeste, a preocupação com a educação foi citada com maior frequência do que na média do país.
Mas diferenças de características entre os que admitem trocar de candidato ajudam a delinear o perfil de cada um. Cerca de 15% dos eleitores não escolhem Serra, mas admitem a possibilidade de mudar para o tucano. Concentram-se acima da média na região Sul, estão na faixa entre 18 e 34 anos e com nível de escolaridade de médio para superior.
Por outro lado, há cerca de 17% que não escolhem Dilma, mas cogitam a possibilidade de mudar o voto para a petista. Têm nível de escolaridade de fundamental para médio e são mais jovens, com idade até 24 anos. Estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste.
A equação que poderá definir o segundo turno, portanto, concentra-se em abordar de forma adequada propostas para saúde, educação e emprego nas grandes cidades das regiões Sul e Sudeste.
Segundo o total dos eleitores, Serra é o mais preparado para cuidar da área da saúde, e Dilma é a melhor para combater o desemprego. Quanto à área de educação, ambos empatam. Vencerá quem melhor souber direcionar os discursos.


MAURO PAULINO é diretor-geral do Datafolha

AMANHÃ EM PODER:
Marco Antonio Villa


Texto Anterior: Homônimo leva sigla a fazer acusação falsa contra PSDB
Próximo Texto: Serra acoberta investigação, diz Dilma
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.