São Paulo, domingo, 20 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Obama diz ter "apreço" por aspiração do Brasil na ONU

Presidente é recebido por Dilma em Brasília e ouve cobranças sobre barreiras

Tom de apoio a uma vaga permanente no Conselho de Segurança fica abaixo do que o Itamaraty aguardava

Jorge Araújo/Folhapress
Os presidentes Dilma e Obama, no Palácio do Alvorada

NATUZA NERY
DA BRASÍLIA

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Em sua primeira visita ao Brasil, iniciada ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, manifestou "apreço à aspiração" da diplomacia brasileira de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Mas a declaração ficou aquém do que esperava o Itamaraty: apoio categórico.
"O presidente Obama manifestou apreço à aspiração do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança", diz o comunicado conjunto dele e da presidente Dilma Rousseff.
A diplomacia brasileira chegou a comparar cada palavra do comunicado com a frase proferida pelo mandatário em sua visita à Índia em novembro do ano passado, quando concedeu apoio mais explícito à mesma pretensão daquele país.
"Nos próximos anos, os Estados Unidos esperam ver um Conselho de Segurança da ONU reformado que inclua a Índia como membro permanente", disse, à época.
De qualquer forma, a declaração de ontem foi a sinalização mais forte até aqui de Washington sobre o tema.
O assessor internacional da Presidência, Marco Aurelio Garcia, assegurou que não há frustração por parte do Brasil. "Essa é uma questão complicada para eles [americanos]", disse.

COBRANÇAS
Obama chegou ontem de manhã acompanhado da mulher, Michelle, das duas filhas e da sogra. O Brasil é a primeira parada de um giro pela América do Sul que incluirá Chile e El Salvador. À noite ele seguiu para o Rio.
Nas declarações dadas à imprensa ao lado de Obama, Dilma carregou nas cobranças ao colega americano.
Criticou indiretamente a política monetária americana que, segundo ela, vem causando uma valorização exagerada do real ao injetar dólares na economia -muitos quais, chegam ao Brasil.
"Se queremos construir uma relação de maior profundidade, é preciso também, com a mesma franqueza, tratar das nossas contradições", disse.
Os EUA esperavam apoio do Brasil para pressionar a China a valorizar sua moeda, mas acabaram ouvindo críticas. "Este processo desgasta as boas práticas econômicas e empurra países para ações protecionistas", disse Dilma, incomodada com as barreiras impostas a produtos como carnes, suco de laranja, algodão, aço e etanol.
Obama, em compensação, anunciou em discurso a 400 empresários brasileiros que tem interesse em adquirir petróleo do pré-sal brasileiro. "Como a instabilidade afeta o preço do petróleo em muitas partes do mundo, os EUA estarão felizes de ter o Brasil como fornecedor".
Colaborou ANA FLOR, DE BRASÍLIA


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Escolta: Segurança constrange ministros
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.