São Paulo, domingo, 20 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE OBAMA NO BRASIL

Manifestações de Obama soam como música para o Brasil

Presidente americano traz na bagagem as exposições mais contundentes até agora sobre o novo papel global do país

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Foi um Barack Obama sorridente e caloroso que pisou em solo brasileiro pela primeira vez ontem, em Brasília. Na bagagem, o presidente americano trouxe as manifestações mais contundentes até agora sobre o novo papel global do "Brasil em extraordinária ascensão".
"O Brasil é um líder global, que passou de receptor de ajuda internacional para doador, indicando o caminho para um mundo sem armas nucleares e na liderança dos esforços globais para confrontar o aquecimento global", disse.
Foi música para os ouvidos do Itamaraty, sempre cioso do reconhecimento do novo papel do Brasil.
Para selar o "reset" das relações Brasil-EUA, abaladas no governo Lula, só faltou o apoio explícito às ambições do país a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Chegou perto, mas não se equiparou ao apoio explícito que Obama deu á Índia, em 2010.
A presidente Dilma Rousseff, por sua vez, quase reverteu todo o mal-estar que havia entre Lula e Obama. Mas ela não resistiu a dar algumas alfinetadas.
Os EUA esperavam apoio do Brasil para pressionar a China a valorizar seu câmbio. Dilma não apenas não mencionou o problema cambial chinês -que também afeta o Brasil-, mas criticou a política monetária americana.
Para o governo brasileiro, as medidas de liquidez do Fed [banco central americano] para ajudar na recuperação dos EUA estão levando à valorização do real.
"Nós entendemos o contexto dos esforços empreendidos pelo governo para a recuperação dos EUA, mas medidas assim, abrangentes, provocam mudanças importantes nas relações das moedas do mundo."
Depois, Dilma deixou claro que, no plano dos EUA de sair da crise exportando para o Brasil, faltou combinar com os russos, como diria Garrincha.
Para seu público doméstico, a Casa Branca justificou o passeio de Obama pelo Cristo Redentor durante a crise líbia como uma maneira de criar empregos em casa.
Com falta de tato já característica, o titular do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Arturo Valenzuela, afirmou na semana passada: "Estamos muito contentes com o relacionamento do Brasil com a China, pois eles exportam matérias primas para os chineses, e com o dinheiro compram máquinas americanas".
Dilma deixou claro que amigos são amigos, vamos nos aproximar dos EUA, mas de forma pragmática.
A interlocutores, ela já manifestou preocupação com o deficit comercial que o Brasil mantém com os EUA -de US$ 7,731 bilhões em 2010.


Texto Anterior: Foco: Michelle tem evento discreto para não ofuscar o do marido
Próximo Texto: Elio Gaspari: De eisenhower@edu para obama@gov
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.