São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Temor de inflação dá lugar a medo de baixo crescimento

Preocupação de Dilma é evitar novas medidas que "derrubem" a economia

Projeções da equipe da presidente já indicam expansão entre 3,5% e 4% neste ano, abaixo da atual previsão oficial

VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA

O governo Dilma mudou o foco de sua preocupação na economia. Sai a inflação, que dá sinais de queda, e entra o temor de o crescimento ficar abaixo de 4% no primeiro ano de gestão da presidente.
Segundo a Folha apurou, a equipe de Dilma passou a concentrar a atenção no "tamanho da redução" do crescimento econômico depois que as medidas adotadas para combater a inflação começaram a surtir efeito.
A garantia de um bom resultado em 2011, na avaliação de assessores, é essencial para um segundo ano mais positivo na economia.
Em 2010, o Brasil registrou a maior taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de bens e serviços produzidos no país, em mais de duas décadas: 7,5%. Já se sabia que não seria possível manter esse ritmo, mas a ideia é evitar um resultado muito menor.

PREVISÃO REALISTA
O governo dá como certo o diagnóstico da equipe econômica de que os preços tendem a recuar e que a inflação vai se aproximar dos limites fixados para este ano. Com isso, o risco de um descontrole inflacionário já não atormenta mais o Planalto.
Por outro lado, estimativas consideradas "mais realistas" pela equipe da presidente apontam um crescimento entre 3,5% e 4% em 2011.
O número está abaixo da previsão oficial, de 4,5%, que será revista.
Estimativas de economistas ouvidos pelo BC indicam uma expansão de 3,9%. O governo teme o efeito psicológico de um crescimento abaixo de 4% sobre empresários e consumidores.
Por isso, Dilma tem manifestado a assessores sua preocupação com a "dosagem" da política econômica.
A presidente gostaria de garantir uma expansão de pelo menos 4%, mas já foi avisada que pode ser menor.
A orientação de Dilma é monitorar o ritmo de desaceleração e evitar medidas que "derrubem" a economia.
Por isso, as atenções estão voltadas para o BC, que já elevou a taxa básica de juros quatro vezes e, segundo estimativas do mercado, deve fazer mais ajustes.
Assessores da presidente temem que a alta dos juros comprometa o crescimento também no ano que vem.
Nas conversas com sua equipe, Dilma tem advertido, no entanto, que o governo não pode fazer nenhuma loucura que coloque em risco o controle da inflação.


Texto Anterior: Falta de dados impossibilita cálculo sobre o BNDES
Próximo Texto: Regulamentação: Blogueiros "progressistas" pedem novo marco regulatório da mídia
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.