São Paulo, terça-feira, 20 de julho de 2010

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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

Serra endossa vice e repete que PT tem elo com as Farc

Candidato e dirigente tucano evitam ligar partido de Dilma ao narcotráfico

No Twitter, candidato a vice suaviza as críticas; presidente do PSDB diz que estratégia petista é tentar "esconder Dilma"


Alexandre Guzanshe/Fotoarena/Folhapress
José Serra, ontem, em comitê do PSDB em Belo Horizonte

RODRIGO VIZEU
DE BELO HORIZONTE
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A DIVINÓPOLIS (MG)

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, endossou ontem a associação entre o PT e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), feita por seu candidato a vice, Indio da Costa (DEM), mas evitou referendar a ligação entre o partido e o narcotráfico, como o deputado havia feito.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, também engrossou o coro de ataques ao partido de Dilma Rousseff.
"A ligação do PT é com as Farc", disse Serra, em Belo Horizonte. "Isso todo mundo sabe, tem muitas reportagens, tem muita coisa. Apenas isso. Agora, as Farc são uma força ligada ao narcotráfico, isso não significa que o PT faça o narcotráfico."
Em São Paulo, Guerra também procurou caracterizar o ataque do vice como uma mera citação de notícias sobre a suposta ligação do PT com a guerrilha.
"O Indio disse o que a gente sabe: as Farc se sustentam com dinheiro do narcotráfico, e o PT é ligado às Farc. É um sócio incômodo que o PT tem", afirmou.
Pelo Twitter, o próprio Indio tentou suavizar o tom de suas declarações, feitas em bate-papo com tucanos na internet e noticiadas pela Folha no domingo.
"PT não faz narcotráfico. As Farc, sim", escreveu. Em seguida, o vice publicou links para duas reportagens de jornais colombianos vinculando o PT à guerrilha.
Na entrevista que deu origem à polêmica, o vice de Serra foi claro ao vincular o PT ao tráfico: "Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não tenho dúvida nenhuma disso", disse, na ocasião.

EXAGERO
Em conversa reservada com o ex-governador Aécio Neves, candidato do PSDB ao Senado por Minas Gerais, Serra admitiu que Indio exagerou nos ataques, mas argumentou que é preciso ultrapassar o episódio e tocar a campanha adiante.
Em público, ele procurou manter o tema das drogas na ordem do dia. Sem que fosse questionado, defendeu o combate ao crack e criticou o policiamento das fronteiras.
Serra insinuou que o PT usa a polêmica em torno da declaração de Indio para encobrir a violação do sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB, o que chamou de "uma coisa mais séria".
"É quebra de sigilo de tucanos como arma de baixaria eleitoral. É um crime muito grave", afirmou.
Diante do anúncio de processos contra o vice de Serra, Sérgio Guerra chamou o partido adversário de "campeão do mensalão", lembrou o escândalo dos aloprados e acusou Dilma de não ter opinião.
"A Dilma não tem a menor condição de liderar este país ou coisa nenhuma. O povo não é bobo. A ideia deles é: "Vamos esconder a Dilma e enganar o povo". Nós temos um candidato e um projeto. Eles têm uma fraude", afirmou o presidente tucano.
Ele mirou no ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que disse que Indio age "como idiota". "Qual autoridade ele tem para chamar alguém de idiota? Ele produz um Orçamento vergonhoso todo ano. Não vou dizer que a cabeça dele é grande e a inteligência é menor."
Os tucanos anunciaram que pedirão ao Ministério Público para apurar a suposta existência de fitas que registrariam encontro de Dilma com Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal.
Em agosto do ano passado, Lina disse ter sido pressionada ao investigar empresas de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).


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