São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011

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Desemprego cai apesar de ações para frear economia

Em junho, taxa teve a menor variação para o mês e renda continuou subindo

Indicador mostra que mercado continua forte; Banco Central deve subir taxa de juros hoje para conter a inflação

PEDRO SOARES
DO RIO
ANA CAROLINA OLIVEIRA
DE BRASÍLIA

Apesar do esforço do governo para esfriar a economia, o mercado de trabalho continua bastante aquecido, com o desemprego no menor nível em nove anos e o rendimento crescendo mais.
Tal cenário mostra que ainda há combustível para alimentar o consumo e a inflação, e indica que o Banco Central deve voltar a elevar a taxa básica de juros hoje.
Segundo especialistas, o mercado de trabalho sempre demora mais a responder às medidas de esfriamento econômico-a indústria sente primeiro, o que já ocorre.
Além disso, a renda em alta, dizem, estimula o consumo e gera ainda mais empregos em ramos como serviços.
Sem contar um efeito estatístico: como o rendimento sobe, algumas pessoas param de procurar emprego para complementar o orçamento familiar. Isso reduz a taxa do IBGE, calculada com base no total de pessoas em busca de colocação.
Graças à menor procura, o desemprego ficou em 6,3% na média do primeiro semestre, taxa mais baixa para o período desde 2003.
Para Thaís Zara, economista da Rosenberg & Associados, o mercado desacelerou "muito pouco" frente às medidas do governo para conter o crédito, e se manteve como "importante fator de sustentação do consumo."
Ela avalia que o desemprego baixo também revela a falta mão de obra no mercado, um dos fatores que explicam parte do aumento da renda: as empresas têm de elevar salários para contratar.
Este desequilíbrio entre oferta e demanda se intensificou com a expansão da economia nos últimos anos.
Outra explicação para o fenômeno da renda são as contratações com carteira assinada, já que o setor formal tem salários melhores.
O rendimento do trabalhador cresceu 3,8% de janeiro a julho, acima dos 1,7% em igual período de 2010.
Um dos poucos sinais de freada no mercado é o crescimento menor do número de pessoas empregadas: 2,4% no primeiro semestre de 2011, contra 3,5% em 2010.

REDUÇÃO DE VAGAS
Considerando apenas o mercado formal, foram criadas 1,414 milhão de vagas com carteira assinada no primeiro semestre, segundo o Ministério do Trabalho.
O número mostra redução de 13,44% no número de novos postos ante 2010.
"É um crescimento menor, não uma desaceleração. Em 2010, houve antecipação de contratações no primeiro semestre por conta do processo eleitoral", afirmou o ministro Carlos Lupi (Trabalho).
Para Fábio Romão, da LCA, o desaquecimento da economia tende a chegar ao mercado de trabalho.
"É muito provável que a geração de postos de 2011 seja menor que em 2010. A atividade econômica, apesar de estar em ritmo de crescimento, tem perdido força."

JUROS
Hoje, o BC deverá elevar a taxa básica de juros de 12,25% para 12,50%.
O impacto dos juros na produção já influencia na confiança de empresários, que está abaixo da média histórica. É um sinal de alerta, já que o investimento menor reduz a oferta de produtos -e pode pressionar a inflação.


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