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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Serra agora gruda em Lula na TV, e PT recorre ao TSE
Se recurso for aceito, coligação serrista perderá tempo no horário gratuito
Iniciativa do marketing tucano veio casada com ataques a Dilma para tentar conter a queda
de Serra nas pesquisas
DE SÃO PAULO
No horário nobre do programa eleitoral gratuito na
TV, ontem à noite, a campanha de José Serra (PSDB) repetiu o que já fizera a sua adversária Dilma Rousseff: grudou o tucano no presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
"Serra e Lula, dois homens
de história. Dois líderes experientes", disse o locutor logo
na abertura da propaganda,
enquanto eram mostradas
três cenas dos dois juntos
-numa, o tucano afaga o
ombro do petista; noutra,
eles cochicham.
Aproximar Serra de Lula
de forma tão escancarada e
logo no início da propaganda
eleitoral contrariou a ala do
PSDB que defende uma oposição mais contundente.
O PT anunciou que entrará
com representação no Tribunal Superior Eleitoral contra
a coligação de Serra pela utilização de imagens de Lula.
O pedido terá como base o
artigo 54 da Lei eleitoral
(9.504), que permite a participação, nos programas de
rádio e televisão gratuitos, de
"qualquer cidadão não filiado a outra agremiação partidária ou a partido integrante
de outra coligação".
Caso seja aceita, poderá
acarretar perda de tempo na
TV da coligação serrista.
A iniciativa do marketing
tucano veio casada com ataques a Dilma, no rádio e, em
menor intensidade, na TV,
numa estratégia para tentar
conter perda de votos e apatia entre os aliados.
Na avaliação de integrantes da cúpula tucana, para
garantir um segundo turno,
Serra terá que investir na
ideia de que Dilma não tem
experiência e depende somente do prestígio de Lula.
No programa de TV, após a
descrição de ações do tucano
na carreira, o locutor afirmou: "Serra, a vivência que a
Dilma não tem".
TIRA A MÃO
Os programas de rádio foram mais críticos à adversária. Incluíram jingle que
aponta Dilma como usurpadora das realizações de Lula.
"Tira a mão do trabalho do
Lula/ tá pegando mal/ que o
Brasil tá olhando/ Tudo o
que o Lula criou/ ela diz:/ fui
eu, fui eu/ Tudo o que é coisa
do Lula/ a Dilma diz:/ é meu,
é meu", afirma um trecho.
A investida busca aplacar
o desânimo de parcela do tucanato com a possibilidade
de derrota. E acontece num
momento em que, oito pontos atrás de Dilma, Serra corre risco de perda de votos no
próprio eleitorado.
A tentativa de desconstrução da imagem de Dilma vai
ganhar corpo, gradualmente, na campanha. Pelo cronograma original, as peças seriam exibidas a partir de sábado. Mas, com crescimento
da petista nas pesquisas, a
estratégia foi antecipada.
Dilma também atacou Serra, sinalizando que a cada
dia aumenta a animosidade
entre os adversários. "Ao
mesmo tempo em que o candidato tenta, muitas vezes de
forma patética, ligar seu nome ao do presidente Lula, ele
fez oposição o tempo todo.
Tem dia que ele faz crítica,
tem dia que ele quer ligar seu
nome ao projeto do presidente Lula. O candidato Serra é
assim". (leia na pág. A12).
Ontem à noite, pelo Twitter, o presidente do PT, José
Eduardo Dutra, um dos coordenadores da campanha de
Dilma, comentou via Twitter:
"De dia o Serra esculhamba o
governo, o PT e os petistas.
De noite bota o Lula no seu
programa. Na minha terra o
nome disso é .. deixa pra lá".
Mais cedo, em entrevista
sobre o ataque no rádio, Dutra descartou um revide no
horário eleitoral e disse que o
PT não mudará "em nem um
milímetro" a sua estratégia.
"Isso me lembra um jingle
do [petista Marcelo] Déda em
2006: "Eita que eles estão
aperreados". Mas não vamos
entrar em baixaria. É a lei da
política: quem está atrás, bate."
(FABIO VICTOR, CATIA
SEABRA E ANA FLOR)
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