São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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Governo prioriza prova de crime no exterior

Após mudança de chefia, departamento do Ministério da Justiça obteve comprovação de contas ilegais nos EUA

Delegado especialista na apuração de crimes financeiros assumiu DRCI depois de saída de Tuma Jr. da pasta


FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

A busca de provas no exterior de crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e corrupção é uma das prioridades da nova direção do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), órgão-chave do Ministério da Justiça.
Antes presente no noticiário apenas pelo repatriamento ou bloqueio de bens fora do país, nas últimas semanas o DRCI obteve das autoridades dos EUA documentos que comprovam a abertura e a movimentação ilegais de contas de cerca de 30 clientes de doleiros já investigados pela Polícia Federal.
Desde agosto o órgão é dirigido pelo delegado da PF Ricardo Andrade Saadi, que é especialista na apuração de crimes financeiros.
Saadi comandou a parte final da Operação Satiagraha, que teve como alvo o banqueiro Daniel Dantas, após a saída do delegado Protógenes Queiroz do caso.
Ele chefiou ainda a delegacia responsável pela Operação Castelo de Areia, que investigou diretores da construtora Camargo Corrêa acusados de pagar propinas a políticos e fraudar licitações.
Saadi assumiu o cargo após a conturbada saída de Romeu Tuma Júnior da Secretaria Nacional de Justiça, à qual o DRCI está subordinado. Tuma foi exonerado após suspeita de que tinha ligações com a máfia chinesa.
O ex-secretário foi acusado por técnicos que deixaram o departamento de aparelhar politicamente o DRCI.
Saadi afirma que o órgão terá atuação "estritamente técnica", com ênfase na busca de provas de crimes no exterior, por meio da cooperação jurídica internacional.
Ele diz que a recuperação de valores resultantes de crimes ainda é prioridade, porém essa atividade depende mais da velocidade da Justiça brasileira no julgamento dos processos que do órgão.
Segundo o diretor, os papéis obtidos recentemente nos EUA sobre clientes brasileiros de doleiros "são exemplo de cooperação internacional que deu resultado".
As provas referem-se à Operação Farol da Colina, que em 2004 resultou na prisão de 63 doleiros, com os quais a PF achou registro que permitiu identificar clientes que enviaram dinheiro ilegalmente ao exterior.


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