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Governo prioriza prova de crime no exterior
Após mudança de chefia, departamento do Ministério da Justiça obteve comprovação de contas ilegais nos EUA
Delegado especialista na apuração de crimes financeiros assumiu DRCI depois de saída
de Tuma Jr. da pasta
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
A busca de provas no exterior de crimes de evasão de
divisas, lavagem de dinheiro
e corrupção é uma das prioridades da nova direção do
DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), órgão-chave do Ministério da Justiça.
Antes presente no noticiário apenas pelo repatriamento ou bloqueio de bens fora
do país, nas últimas semanas
o DRCI obteve das autoridades dos EUA documentos
que comprovam a abertura e
a movimentação ilegais de
contas de cerca de 30 clientes
de doleiros já investigados
pela Polícia Federal.
Desde agosto o órgão é dirigido pelo delegado da PF
Ricardo Andrade Saadi, que
é especialista na apuração de
crimes financeiros.
Saadi comandou a parte final da Operação Satiagraha,
que teve como alvo o banqueiro Daniel Dantas, após a
saída do delegado Protógenes Queiroz do caso.
Ele chefiou ainda a delegacia responsável pela Operação Castelo de Areia, que investigou diretores da construtora Camargo Corrêa acusados de pagar propinas a
políticos e fraudar licitações.
Saadi assumiu o cargo
após a conturbada saída de
Romeu Tuma Júnior da Secretaria Nacional de Justiça,
à qual o DRCI está subordinado. Tuma foi exonerado após
suspeita de que tinha ligações com a máfia chinesa.
O ex-secretário foi acusado por técnicos que deixaram
o departamento de aparelhar
politicamente o DRCI.
Saadi afirma que o órgão
terá atuação "estritamente
técnica", com ênfase na busca de provas de crimes no exterior, por meio da cooperação jurídica internacional.
Ele diz que a recuperação
de valores resultantes de crimes ainda é prioridade, porém essa atividade depende
mais da velocidade da Justiça brasileira no julgamento
dos processos que do órgão.
Segundo o diretor, os papéis obtidos recentemente
nos EUA sobre clientes brasileiros de doleiros "são exemplo de cooperação internacional que deu resultado".
As provas referem-se à
Operação Farol da Colina,
que em 2004 resultou na prisão de 63 doleiros, com os
quais a PF achou registro que
permitiu identificar clientes
que enviaram dinheiro ilegalmente ao exterior.
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