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Gráfica de tucana já fez jornal pró-Dilma
Central sindical que encomendou publicação nega ter infringido legislação eleitoral e diz que recebeu oferta da gráfica
Empresário contesta versão do sindicalista e rechaça vínculo de sua firma com coordenador da campanha de Serra
BRENO COSTA
DE SÃO PAULO
A gráfica de propriedade
de uma tucana, irmã de um
dos coordenadores da campanha de José Serra (PSDB),
imprimiu, há duas semanas,
um jornal recomendando voto em Dilma Rousseff (PT).
A Editora Gráfica Pana, de
São Paulo, foi a mesma que
rodou, a pedido da Mitra Diocesana de Guarulhos, panfletos assinados por um braço
da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) recomendando voto contra o PT.
O PT convocou anteontem
uma entrevista para apontar
"fortes indícios" de elo entre
a gráfica e o PSDB. Ontem, o
deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), disse
que o pagamento dos panfletos segue "obscuro" e minimizou o fato de a gráfica ter
feito material pró-Dilma.
No último dia 6, três dias
após o primeiro turno, a gráfica de Arlety Kobayashi, irmã de Sérgio Kobayashi,
coordenador de infraestrutura da campanha tucana, imprimiu 75 mil exemplares do
"Jornal da CTB" (Central dos
Trabalhadores do Brasil).
O jornal traz na capa uma
reprodução da foto oficial da
campanha petista, em que
Dilma aparece com Lula. Na
página interna, o título é:
"Dilma: para o Brasil continuar no rumo certo". No texto, um "desafio (...) à classe
trabalhadora: eleger Dilma".
A legislação eleitoral impede que sindicatos façam
propaganda "de qualquer espécie" ou doações para candidatos e partidos por serem
financiadas pelo imposto
sindical. Anteontem, a Justiça Eleitoral suspendeu a circulação duma revista da CUT
com conteúdo pró-Dilma.
O secretário de comunicação da CTB, Eduardo Navarro, que encomendou os 75
mil exemplares à Pana, negou que o jornal desrespeite
a legislação eleitoral, que
proíbe sindicatos de fazer
campanha para candidatos.
Ele disse que o jornal não
pedia voto para Dilma e só
expressava "os interesses"
da classe trabalhadora aprovados último no Congresso
da Classe Trabalhadora.
Navarro disse ainda que só
contratou a Pana porque ela
o procurou e fez uma "proposta vantajosa", "praticamente a metade do preço que
a gente estava pagando".
O marido de Arlety Kobayashi, Paulo Ogawa, diz que
foi o sindicato quem procurou a gráfica. Disse ainda que
já entregou à PF as notas fiscais referentes à produção
dos panfletos anti-Dilma e rechaçou vínculo da empresa
de sua mulher com o PSDB:
"Sérgio Kobayashi eu só vejo
em enterro e casamento".
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, voltou a negar relação com os panfletos: "Não
tem nada. A Polícia Federal
pode terminar de investigar
antes das eleições, não precisa ser como o caso Erenice".
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