São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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Gráfica de tucana já fez jornal pró-Dilma

Central sindical que encomendou publicação nega ter infringido legislação eleitoral e diz que recebeu oferta da gráfica

Empresário contesta versão do sindicalista e rechaça vínculo de sua firma com coordenador da campanha de Serra

BRENO COSTA
DE SÃO PAULO

A gráfica de propriedade de uma tucana, irmã de um dos coordenadores da campanha de José Serra (PSDB), imprimiu, há duas semanas, um jornal recomendando voto em Dilma Rousseff (PT).
A Editora Gráfica Pana, de São Paulo, foi a mesma que rodou, a pedido da Mitra Diocesana de Guarulhos, panfletos assinados por um braço da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recomendando voto contra o PT.
O PT convocou anteontem uma entrevista para apontar "fortes indícios" de elo entre a gráfica e o PSDB. Ontem, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), disse que o pagamento dos panfletos segue "obscuro" e minimizou o fato de a gráfica ter feito material pró-Dilma.
No último dia 6, três dias após o primeiro turno, a gráfica de Arlety Kobayashi, irmã de Sérgio Kobayashi, coordenador de infraestrutura da campanha tucana, imprimiu 75 mil exemplares do "Jornal da CTB" (Central dos Trabalhadores do Brasil).
O jornal traz na capa uma reprodução da foto oficial da campanha petista, em que Dilma aparece com Lula. Na página interna, o título é: "Dilma: para o Brasil continuar no rumo certo". No texto, um "desafio (...) à classe trabalhadora: eleger Dilma".
A legislação eleitoral impede que sindicatos façam propaganda "de qualquer espécie" ou doações para candidatos e partidos por serem financiadas pelo imposto sindical. Anteontem, a Justiça Eleitoral suspendeu a circulação duma revista da CUT com conteúdo pró-Dilma.
O secretário de comunicação da CTB, Eduardo Navarro, que encomendou os 75 mil exemplares à Pana, negou que o jornal desrespeite a legislação eleitoral, que proíbe sindicatos de fazer campanha para candidatos.
Ele disse que o jornal não pedia voto para Dilma e só expressava "os interesses" da classe trabalhadora aprovados último no Congresso da Classe Trabalhadora.
Navarro disse ainda que só contratou a Pana porque ela o procurou e fez uma "proposta vantajosa", "praticamente a metade do preço que a gente estava pagando".
O marido de Arlety Kobayashi, Paulo Ogawa, diz que foi o sindicato quem procurou a gráfica. Disse ainda que já entregou à PF as notas fiscais referentes à produção dos panfletos anti-Dilma e rechaçou vínculo da empresa de sua mulher com o PSDB: "Sérgio Kobayashi eu só vejo em enterro e casamento".
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, voltou a negar relação com os panfletos: "Não tem nada. A Polícia Federal pode terminar de investigar antes das eleições, não precisa ser como o caso Erenice".


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