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Promotoria acusa tesoureiro do PT de desvio
Vaccari é denunciado sob suspeita de crimes como lavagem de dinheiro e estelionato quando dirigia a Bancoop
Segundo o promotor,
R$ 70 milhões foram desviados dos cofres da cooperativa; defesa de petista nega acusações
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
O Ministério Público denunciou à Justiça o tesoureiro do PT João Vaccari Neto
sob a acusação de envolvimento em desvios de recursos da Bancoop (Cooperativa
Habitacional dos Bancários
de São Paulo) para ex-dirigentes da entidade e para
campanhas do PT.
A acusação formal, de autoria do promotor José Carlos
Blat, apontou que Vaccari cometeu crimes de lavagem de
dinheiro, estelionato, formação de quadrilha e falsidade
ideológica quando atuou na
direção da cooperativa.
Vaccari foi diretor da Bancoop de 1999 a 2004 e presidiu a cooperativa de 2005 até
o início deste ano, quando
assumiu o cargo de tesoureiro do PT. Outras cinco pessoas ligadas à entidade foram denunciadas (veja quadro abaixo).
Segundo o promotor, a
ação dos acusados resultou
em desvios de R$ 70 milhões
dos cofres da entidade e em
prejuízos de R$ 100 milhões
aos cooperados da Bancoop.
Criada para viabilizar a
construção de unidades habitacionais a preço de custo,
a Bancoop não tirou do papel
19 dos 53 empreendimentos
oferecidos aos cooperados.
Blat divulgou a denúncia
ontem na CPI da Bancoop da
Assembleia Legislativa de
São Paulo. Vaccari também
foi convocado para depor,
mas não compareceu.
De acordo com a denúncia, parte dos desvios ocorreu por intermédio de empresas que tinham como sócios
ex-dirigentes da cooperativa,
principalmente as companhias Germany e Mizu.
Blat disse que foi possível
identificar o repasse de
R$ 200 mil para o PT, mas o
valor das transferências ao
partido pode ser maior.
"Há uma série de outros levantamentos e cheques que
foram sacados na boca do
caixa cujos destinos são impossíveis de ser apurados
nas investigações", afirmou.
O promotor disse ter indícios do uso indevido de cerca
de R$ 100 mil da Bancoop para financiar a hospedagem
em hotel de luxo de espectadores da etapa da Fórmula 1
em São Paulo, além de transferências para um centro espírita e uma entidade assistencial.
Questionado sobre a afirmação do deputado Vanderlei Siraque (PT) de que a denúncia tinha "tintas tucanas", Blat disse: "Na verdade
ela está carregada com as tintas da Justiça e das lágrimas
das mais de 3.000 pessoas
que não vão ver seu dinheiro
e suas moradias de volta".
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