São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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Promotoria acusa tesoureiro do PT de desvio

Vaccari é denunciado sob suspeita de crimes como lavagem de dinheiro e estelionato quando dirigia a Bancoop

Segundo o promotor, R$ 70 milhões foram desviados dos cofres da cooperativa; defesa de petista nega acusações

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

O Ministério Público denunciou à Justiça o tesoureiro do PT João Vaccari Neto sob a acusação de envolvimento em desvios de recursos da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo) para ex-dirigentes da entidade e para campanhas do PT.
A acusação formal, de autoria do promotor José Carlos Blat, apontou que Vaccari cometeu crimes de lavagem de dinheiro, estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica quando atuou na direção da cooperativa.
Vaccari foi diretor da Bancoop de 1999 a 2004 e presidiu a cooperativa de 2005 até o início deste ano, quando assumiu o cargo de tesoureiro do PT. Outras cinco pessoas ligadas à entidade foram denunciadas (veja quadro abaixo).
Segundo o promotor, a ação dos acusados resultou em desvios de R$ 70 milhões dos cofres da entidade e em prejuízos de R$ 100 milhões aos cooperados da Bancoop.
Criada para viabilizar a construção de unidades habitacionais a preço de custo, a Bancoop não tirou do papel 19 dos 53 empreendimentos oferecidos aos cooperados.
Blat divulgou a denúncia ontem na CPI da Bancoop da Assembleia Legislativa de São Paulo. Vaccari também foi convocado para depor, mas não compareceu.
De acordo com a denúncia, parte dos desvios ocorreu por intermédio de empresas que tinham como sócios ex-dirigentes da cooperativa, principalmente as companhias Germany e Mizu.
Blat disse que foi possível identificar o repasse de R$ 200 mil para o PT, mas o valor das transferências ao partido pode ser maior.
"Há uma série de outros levantamentos e cheques que foram sacados na boca do caixa cujos destinos são impossíveis de ser apurados nas investigações", afirmou.
O promotor disse ter indícios do uso indevido de cerca de R$ 100 mil da Bancoop para financiar a hospedagem em hotel de luxo de espectadores da etapa da Fórmula 1 em São Paulo, além de transferências para um centro espírita e uma entidade assistencial.
Questionado sobre a afirmação do deputado Vanderlei Siraque (PT) de que a denúncia tinha "tintas tucanas", Blat disse: "Na verdade ela está carregada com as tintas da Justiça e das lágrimas das mais de 3.000 pessoas que não vão ver seu dinheiro e suas moradias de volta".


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