São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Demissão não depende de bala de prata, e sim do risco de a crise contaminar a Copa

NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

Orlando Silva lança mão de um repertório útil para tentar salvar sua pele: dá exaustivas explicações públicas e rebate agressivamente as acusações de seu delator, mantendo por ora o apoio de seu partido e de Dilma.
Essa seria uma receita vigorosa, não fosse a avaliação já corrente de que o futuro do titular do Esporte não depende mais de provas cabais, mas do desafio de apagar a imagem de uma gestão manchada pelas acusações. Em outras palavras, a demissão do ministro não depende de uma bala de prata.
Até no Planalto, onde reside amparo franco para que continue no cargo, diz-se ser difícil coordenar uma Copa do Mundo tendo de se defender a todo tempo e sem controlar seu próprio quintal.
Mesmo que todas as acusações contra Orlando Silva se mostrem infundadas lá na frente, qualquer imputação agora, verdadeira ou caluniosa, tem potencial de diminuir o tamanho do "chefe da Copa" a cada dia.
O apoio de Dilma é dado como real, mas perecível. O limite disso é o governo e a agenda do Mundial serem tragados pela crise. Foi assim com Antonio Palocci.
Quando Dilma diz que a Copa é uma política de Estado, não de personalidades ou partidos, emite um recado claro: quem apita o jogo é ela. Para isso existe a Casa Civil. Trata-se de uma conta pragmática: há pouco prejuízo à organização do evento se a exoneração for inevitável.
Não que cortar na carne seja tarefa simples para a presidente. Afinal, seria o sexto ministro a cair -o quinto indicado por Lula.
Em meio às dificuldades já impostas, partidos que perderam os seus ministros no meio do caminho da "faxina" cobrarão uma fatura que tenta transformar o governo em refém dos seus próprios métodos: por que preservar um ministro do PC do B se Dilma já dispensou da Esplanada um do PT, três do PMDB e outro do PR?


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