São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

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Dilma diz que PT tem de ser maduro e ceder espaço

Eleita afirma que, na gestão Lula, partido entendeu ser preciso buscar alianças

Petista disse esperar que suas escolhas sejam respeitadas; em fala de improviso, ela chorou ao relembrar campanha

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

A presidente eleita, Dilma Rousseff, aproveitou sua participação na reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília, para dar o recado de que o partido tem de ter "maturidade" para ceder espaço na composição de governo.
A disputa por espaços colocou em lados opostos, nesta semana, PT e PMDB, os dois principais partidos de sustentação de Dilma.
Em uma demonstração de força, o PMDB, que tem o vice Michel Temer, chegou a formar um blocão na Câmara com mais quatro partidos para pressionar Dilma.
Nos últimos dias, líderes do PT também se mostraram preocupados com o espaço que o partido terá na Esplanada a partir de janeiro. Chegaram a falar em "direito adquirido" sobre as pastas que comandam.
Em um discurso de 18 minutos, em que deixou de lado o texto escrito e falou de improviso, Dilma reconheceu que depende do PT para "bem governar", mas ressaltou a necessidade de se ter "maturidade política para compreender os complexos desafios de um governo". Disse ainda esperar que suas escolhas sejam respeitadas.
Dilma lembrou que o PT se repaginou ao longo do governo Lula e entendeu que é preciso buscar alianças.
"Esse partido que teve maturidade para perceber que o Brasil era complexo o suficiente, e que tinha que construir uma aliança para governar, tinha que se coligar e tinha que estabelecer regras de convivência política, de multiplicidade e diversidade", disse. Hoje, o PT controla 17 dos 37 ministérios.
Para ela, o partido soube se adaptar às mudanças do cenário político e não insistir nos erros. "[Era] oposição fazendo oposição com propostas e, às vezes imaturas, dada a inexperiência, mas progressivamente depurando as propostas, aprendendo e sendo capaz de mudar."
Dilma repetiu o discurso da vitória e acusou o PSDB de pregar a política do ódio na campanha. Ela defendeu a criação de um clima político de união, o que, disse, entrará para a história do país.
"A partir do momento que ganhamos nós também construímos a compreensão que temos de governar para aqueles que nos apoiaram e que não apoiaram."

CHORO
A petista chorou ao relembrar as dificuldades de sua estreia em uma disputa eleitoral. Ela contou que sempre se emocionou ao desembarcar nos aeroportos na campanha e ver ali os militantes.
"Há um fato que quando a gente é candidato e está sob pressão que é um verdadeiro abraço de mãe: é quando você desce no aeroporto e vê primeiro a bandeira, a camiseta e depois, até me comove, uma imensa solidariedade."
Ao chorar, foi aplaudida de pé, no único momento de empolgação da plateia.
Na reunião, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, também saiu em defesa da unidade do partido e negou que a escolha de Dilma tenha sido uma imposição de Lula.


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