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Dilma diz que PT tem de ser maduro e ceder espaço
Eleita afirma que, na gestão Lula, partido entendeu ser preciso buscar alianças
Petista disse esperar que suas escolhas sejam respeitadas; em fala de improviso, ela chorou ao relembrar campanha
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
A presidente eleita, Dilma
Rousseff, aproveitou sua participação na reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília, para dar o recado de
que o partido tem de ter "maturidade" para ceder espaço
na composição de governo.
A disputa por espaços colocou em lados opostos, nesta semana, PT e PMDB, os
dois principais partidos de
sustentação de Dilma.
Em uma demonstração de
força, o PMDB, que tem o vice
Michel Temer, chegou a formar um blocão na Câmara
com mais quatro partidos para pressionar Dilma.
Nos últimos dias, líderes
do PT também se mostraram
preocupados com o espaço
que o partido terá na Esplanada a partir de janeiro. Chegaram a falar em "direito adquirido" sobre as pastas que
comandam.
Em um discurso de 18 minutos, em que deixou de lado
o texto escrito e falou de improviso, Dilma reconheceu
que depende do PT para
"bem governar", mas ressaltou a necessidade de se ter
"maturidade política para
compreender os complexos
desafios de um governo".
Disse ainda esperar que suas
escolhas sejam respeitadas.
Dilma lembrou que o PT se
repaginou ao longo do governo Lula e entendeu que é preciso buscar alianças.
"Esse partido que teve maturidade para perceber que o
Brasil era complexo o suficiente, e que tinha que construir uma aliança para governar, tinha que se coligar e tinha que estabelecer regras
de convivência política, de
multiplicidade e diversidade", disse. Hoje, o PT controla 17 dos 37 ministérios.
Para ela, o partido soube
se adaptar às mudanças do
cenário político e não insistir
nos erros. "[Era] oposição fazendo oposição com propostas e, às vezes imaturas, dada
a inexperiência, mas progressivamente depurando as
propostas, aprendendo e
sendo capaz de mudar."
Dilma repetiu o discurso
da vitória e acusou o PSDB de
pregar a política do ódio na
campanha. Ela defendeu a
criação de um clima político
de união, o que, disse, entrará para a história do país.
"A partir do momento que
ganhamos nós também construímos a compreensão que
temos de governar para
aqueles que nos apoiaram e
que não apoiaram."
CHORO
A petista chorou ao relembrar as dificuldades de sua
estreia em uma disputa eleitoral. Ela contou que sempre
se emocionou ao desembarcar nos aeroportos na campanha e ver ali os militantes.
"Há um fato que quando a
gente é candidato e está sob
pressão que é um verdadeiro
abraço de mãe: é quando você desce no aeroporto e vê
primeiro a bandeira, a camiseta e depois, até me comove,
uma imensa solidariedade."
Ao chorar, foi aplaudida
de pé, no único momento de
empolgação da plateia.
Na reunião, o presidente
do PT, José Eduardo Dutra,
também saiu em defesa da
unidade do partido e negou
que a escolha de Dilma tenha
sido uma imposição de Lula.
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