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Atitude de presidente do BC irrita eleita
Meirelles teria dito que condicionava sua permanência no Banco Central à manutenção de autonomia do órgão
Assessores de Dilma dizem que chefe do BC deu "vários passos pra trás" na definição de seu futuro no novo governo
VALDO CRUZ
KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA
A presidente eleita, Dilma
Rousseff, se irritou com Henrique Meirelles por ele ter divulgado que impõe condições para ficar no Banco Central, mas não descarta negociar sua permanência por um
período tampão.
De acordo com auxiliares
de Dilma, Meirelles perdeu
"muitos pontos" e deve "baixar o tom" para que os dois
possam negociar sua posição
no futuro governo.
A presidente eleita disse a
petistas que não convidou
Meirelles a ficar, mas autorizou uma sondagem. A conversa definitiva deverá acontecer na próxima semana.
Segundo a Folha apurou,
a intenção de Dilma era negociar com Meirelles sua permanência por um período de
"três, seis ou oito meses", até
que ela reorganize sua equipe econômica.
Ontem Dilma ficou contrariada ao ser informada de
que Meirelles teria dito à imprensa que fora convidado
por ela para ficar no BC, mas
condicionou isso à manutenção da autonomia que desfrutou na gestão Lula.
A futura presidente, segundo assessores, disse que
desde sua eleição não havia
conversado nem pessoalmente nem por telefone com
Meirelles. Logo, afirmou, não
foi feito convite.
INCÔMODO
A avaliação da equipe de
Dilma é que Meirelles teria
criado uma situação incômoda para ela ao dizer que só ficaria com autonomia. Ou seja, não ficando, ele é quem
teria decidido sair por não receber as garantias de liberdade de trabalho.
Segundo um auxiliar, Meirelles "deu vários passos para trás" na definição do seu
futuro dentro do governo Dilma. Além do BC, ele poderia
ser aproveitado em outro ministério ou ser indicado para
a embaixada brasileira em
Washington.
Acionado por Dilma, o
coordenador da transição,
Antonio Palocci, entrou em
contato com Meirelles, que
estava em Frankfurt, para pedir esclarecimentos sobre as
informações na imprensa.
O presidente do BC disse
que não havia dado nenhuma entrevista com aquele
conteúdo e que falaria com
jornalistas sobre o assunto.
Em seguida, disse à imprensa que havia sido convidado pela eleita para discutir
a "extensão de seu mandato", fazendo questão de destacar que ela sempre defendeu a autonomia do BC.
"Recebi uma mensagem
através da equipe da presidente Dilma me convidando
para termos uma conversa
na semana que vem."
Disse que "tem havido
muitas perguntas sobre a autonomia do BC" e que ele tem
respondido "sistematicamente que a presidente eleita
se mostrou, inclusive na
campanha, ser a favor da autonomia".
O principal defensor da
permanência de Meirelles
sempre foi o presidente Lula,
que fez essa sugestão a Dilma
mais de uma vez. Mas confidenciou a auxiliares que já
fez o que podia e que não se
intrometeria mais e que agora "a bola está com ela".
Lula também recomendou
à petista a manutenção de
Guido Mantega. Nesse caso,
ela concordou.
Ela passou a cogitar a hipótese de manter o atual presidente do BC depois de avaliar o cenário econômico internacional, que tende a piorar em 2011.
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