São Paulo, quarta-feira, 21 de julho de 2010

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Procuradora rebelde

A "procuradora qualquer" a que Lula se referiu, Sandra Cureau é "colorada" em família gremista e adora trilhas e livros policiais

Lula Marques/Folhapress
A vice-procuradora geral eleitoral Sandra Cureau em seu escritório, em Brasília

ELIANE CANTANHÊDE
VALDO CRUZ
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA

Nos corredores sisudos da Procuradoria-Geral da República, a entrada do gabinete da vice-procuradora-geral eleitoral Sandra Cureau, 63, chama a atenção pela faixa vermelha de mais de um metro do Internacional, time do Rio Grande do Sul.
"Foi meu primeiro ato de rebeldia", diz ela, gaúcha de Porto Alegre e de uma família de classe média que é gremista doente e costumava ir aos estádios todo domingo.
Por quê? "Porque eu detestava ir ao estádio quando criança. E porque o Grêmio era da elite e, na minha escola, todo mundo era Internacional, o time do povo."
Foi para Belo Horizonte, virou Atlético, "que também era mais popular". Chegou ao Rio, ficou com o Botafogo, que não é tanto assim. "Meu segundo marido era flamenguista, a filha caçula [Paula] decidiu ser Botafogo e ele ficou uma fera. Virei botafoguense para defender o direito dela de escolher o time."
Menina de colégio de freira, manteve os traços de rebeldia: integrou o diretório estudantil do Júlio de Castilho, colégio estadual de Porto Alegre, e tinha um programa na Rádio Princesa, "A Hora do Julinho".
Abandonou a militância "light" ao entrar na Faculdade de Direito da Universidade Federal do RS. Loura, olhos verdes, 1m58, acabou eleita rainha dos calouros.
Formou-se em 1970 e, seis anos depois, ingressou no Ministério Público. Atuou em Porto Alegre, Rio, Belo Horizonte e Brasília, até ser promovida a subprocuradora-geral da República, em 1997.
A primeira experiência de Cureau em eleições foi em 1986. Ela entrou com "toneladas de ações" contra o principal candidato à Câmara. Não deu em nada.
"Caí na real. Aprendi que não adiantam só provas robustas, há outras coisas envolvidas. Ele era campeão de voto e do partido do governador. E os juízes dependiam dos governadores até para serem promovidos."
Neste ano, está envolvida tanto na eleição quanto no doutorado em Buenos Aires.
Com isso, não tem tempo para se dedicar ao que mais gosta: viajar e fazer trilhas. Já foi para Machu Picchu, no Peru, e frequenta, em Goiás, a Chapada dos Veadeiros, Pirenópolis e Cavalcante.
Seus hábitos são triviais. Mora com 3 dos 4 filhos, de dois casamentos, tem três cachorros, vai ao supermercado, gosta de cozinhar, tem uma pilha de DVDs e adora romances policiais. Tem perfis no Facebook e no Orkut.
De formação católica, reza toda noite e usa duas fitinhas no pulso: uma do Senhor do Bonfim (BA) e outra do Padre Donizetti (SP). Mas não é praticante e é a favor do aborto.


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