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Jornalista admite à PF que encomendou dados fiscais
Informações constavam de dossiê que circulou na pré-campanha de Dilma
Repórter diz que pediu dados contra tucanos porque deputado ligado a Serra estaria reunindo munição contra Aécio
LEONARDO SOUZA
DE BRASÍLIA
O jornalista Amaury Ribeiro Jr., ligado ao chamado
"grupo de inteligência" da
pré-campanha de Dilma
Rousseff (PT), reconheceu
em depoimento à Polícia Federal que encomendou dados de dirigentes tucanos e
familiares de José Serra
(PSDB), como a Folha revelou ontem.
Amaury nega que tenha
pedido documentos fiscais
sigilosos. Porém, todos os alvos do jornalista tiveram
seus dados violados em duas
agências da Receita Federal
em São Paulo.
Os dados foram parar no
dossiê que circulou na pré-campanha de Dilma, como a
Folha mostrou em junho.
Para a PF, não há dúvida
de que foi Amaury quem
comprou as declarações de
imposto de renda, pelas
quais pagou R$ 12 mil.
A polícia agora investiga
se alguém o contratou para
fazer isso.
Quando os documentos
foram incluídos no dossiê, já
neste ano, o jornalista atuava para o "grupo de inteligência" do comitê de pré-campanha de Dilma. Sua estadia na capital era paga por
integrantes do PT.
Mas, quando houve a violação dos sigilos, em outubro
de 2009, Amaury mantinha
vínculo empregatício com o
jornal "Estado de Minas".
O PT atribui ao diário mineiro proximidade política
com o ex-governador tucano
Aécio Neves, eleito senador.
O jornalista não disse à PF
se recebeu orientação de políticos do PSDB de Minas para levar adiante a "pesquisa". Nem se a encomenda foi
do próprio jornal.
No depoimento, ele afirmou que iniciou a apuração
ao descobrir que o deputado
Marcelo Itagiba (PSDB-RJ),
ligado a Serra, estaria reunindo munição contra Aécio.
No período, Serra e Aécio
disputavam a indicação do
partido para a candidatura à
Presidência.
Amaury não deixa claro,
porém, se recebeu ordens ou
se iniciou a apuração por
conta própria.
Ele desconversou quando
questionado se pagou pelos
dados -o que seria admitir
um crime. Em nota, reiterou
que "jamais pagaria" por informações sigilosas "de
qualquer cidadão".
O despachante Dirceu Rodrigues Garcia, porém, declarou à PF que o jornalista
pagou R$ 12 mil em dinheiro
vivo pelas informações.
Segundo o delegado Alessandro Moretti, Amaury afirmou que todas as despesas
relacionadas a seu trabalho,
como as viagens de Brasília a
São Paulo para buscar os dados, foram custeadas pelo
jornal "Estado de Minas".
Amaury, no entanto, atribuiu a uma ala do PT o vazamento dos dados para a imprensa. Segundo ele, uma
ala do partido disputava o
controle de contratos da
campanha petista.
Amaury contou à PF que
petistas roubaram os dados
de seu computador num
quarto de hotel em Brasília.
Segundo a PF, Amaury
deixou "Estado de Minas" no
mesmo mês em que os dados
dos tucanos foram violados
-outubro de 2009.
O jornalista até aqui nega
que estivesse trabalhando
para a campanha do PT. Mas
ele participou de reunião do
"grupo de inteligência" em
20 de abril deste ano, num
restaurante de Brasília.
Na época, o responsável
pela comunicação da pré-campanha de Dilma era o
jornalista Luiz Lanzetta, que
participou do encontro.
Em entrevista ao portal G1,
em junho, Lanzetta disse que
havia uma disputa de poder
no PT envolvendo um grupo
ligado à ex-prefeita de São
Paulo Marta Suplicy (2001-2004) e o grupo comandado
pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.
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