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Em evento tumultuado, Dilma mostra plano ambiental genérico
Petista diz não fazer "leilão político" e não assina documento de ONG
CLAUDIO ANGELO
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
Apesar de ter recebido o
apoio de ambientalistas e lideranças do PV, Dilma Rousseff (PT) apresentou ontem
em Brasília um programa para a área ambiental genérico,
que em alguns casos se limita
a prometer cumprir a lei.
O evento foi tumultuado. A
petista teve sua fala interrompida por duas manifestantes do Greenpeace que,
portando cartazes, tentaram
obter dela o compromisso
com a proposta de desmatamento zero e de defesa de
uma lei de incentivo a energia eólica e solar.
Militantes do PT tentaram
retirar as manifestantes da
sala, aos gritos de "fora, tucanos!", mas foram impedidos
pela própria candidata.
Apesar disso, Dilma se recusou a assinar o documento. "Não faço leilão político
para ganhar apoio", disse. "A
minha assinatura não vai em
qualquer compromisso que
botam na minha frente e dizem: "Assina!", porque isso é
desrespeitoso."
O programa foi distribuído
em um ato no Hotel Nacional, que reuniu verdes como
os deputados federais Sarney
Filho (MA) e Edson Duarte
(BA), além da filha de Chico
Mendes Ângela.
Também estiveram presentes no ato representantes
de movimentos sociais, como Via Campesina e MST.
O líder do MLST, Bruno
Maranhão, envolvido na invasão da Câmara dos Deputados em 2006, assistiu ao
ato da plateia, como convidado dos movimentos sociais, e esteve com Dilma na
sala VIP do hotel.
A senadora Marina Silva
(PV-AC) minimizou a decisão
de parte do PV apoiar Dilma.
"Cada integrante do partido
tem sua posição individual."
No programa, de 13 páginas, as palavras "sustentável" e "sustentabilidade"
aparecem 45 vezes. Apesar
disso, uma das únicas inovações em relação a políticas já
adotadas pelo governo diz
respeito ao Código Florestal.
Dilma promete "vetar iniciativas que impliquem anistia a desmatadores ou redução de áreas de reserva legal
e preservação permanente".
"O resto é vago o suficiente
para se cumprir ou deixar de
cumprir segundo a vontade
da candidata", afirma Sérgio
Leitão, do Greenpeace. "A
candidata tergiversa sobre os
compromissos na área ambiental", diz.
Em ao menos dois casos, o
programa petista promete
apenas cumprir a lei.
Um deles é a a promessa
de cumprir as metas de redução de gases-estufa propostas na conferência de Copenhague, que incluem o corte
no desmatamento amazônico em 80% até 2020.
Quando chefe da Casa Civil, Dilma se opôs à adoção
das metas.
O outro é que, na construção de hidrelétricas, "serão
garantidos os direitos das populações afetadas (...) e sua
participação em discussões".
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