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Lula trata apuração da Casa Civil como "especulação"
Presidente relaciona revelações de sindicância à campanha eleitoral
Petista diz que nunca viu "campanha de mais baixo nível'; PF foi acionada ontem para investigar telefonemas
LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA
O presidente Lula tratou
ontem como "especulação"
dados apurados pela sindicância interna da Casa Civil,
que identificou novos elos
dentro do Palácio do Planalto do esquema de tráfico de
influência comandado por
Israel, filho da ex-ministra
Erenice Guerra.
Como revelou a Folha ontem, o esquema usava não
apenas a estrutura da Casa
Civil mas também a de pelo
menos outros dois órgãos da
Presidência: a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos)
e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Questionado sobre as novas informações apuradas
pela sindicância, Lula relacionou as revelações com a
campanha eleitoral.
"O que me deixa impressionado é o que acontece todo dia, a toda hora, em época
de eleição. Sinceramente, eu
acho que é dar muito crédito,
para gente ver a especulação", afirmou, durante entrevista no Palácio do Planalto.
"É só vocês verem o que está acontecendo nos telefones
pelo Brasil afora e a quantidade de notícias de denúncias, de acusações, de infâmias que, sinceramente, não
dá para um presidente da República levar a sério essas
coisas", completou.
A sindicância interna da
Casa Civil apura a participação de servidores no esquema. A investigação corre em
sigilo. Pela apuração feita até
agora, computadores e funcionários da SAE e do GSI foram usados pelo grupo de
amigos de Israel Guerra, peça central do contato de empresários com negócios do
governo federal.
BAIXO NÍVEL
Sobre a disputa eleitoral o
presidente Lula afirmou que
se trata da "campanha de
mais baixo nível" vista por
ele. Segundo o presidente,
há uma "campanha suja de
telemarketing", com telefonemas a eleitores para difamar a candidata Dilma Rousseff (PT).
A Polícia Federal recebeu
pedido de apuração sobre o
caso ontem.
Sobre a "campanha de telemarketing", Lula afirmou
que foi pedido um processo
de apuração para saber de
onde partem os telefonemas.
Lula também atacou promessas feitas por Serra, como a de elevar o salário mínimo para R$ 600. O projeto de
Orçamento para o próximo
ano prevê um piso de R$ 538.
"Ninguém pode ser irresponsável porque está disputando uma eleição, ninguém
pode prometer aquilo que sabe que não vai fazer, e ninguém pode ficar tentando leiloar o país em época de eleição", afirmou.
O presidente afirmou ainda que iria aguardar uma entrevista da PF sobre a investigação da quebra de sigilo de
pessoas ligadas a Serra para
falar sobre o assunto.
"Não podemos falar com
irresponsabilidade, temos
que falar com base nos laudos, nas investigações, no inquérito. Quem tem que falar
isso é a PF, não é o presidente
da República."
Reportagem da Folha revelou ontem que a investigação da PF fez conexão entre a
quebra de sigilo e o dossiê
preparado pela pré-campanha de Dilma.
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