São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 2011

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ONG de Gerdau fez trabalho superficial para União, diz TCU

Órgão afirma que entidade ganhou R$ 120 mil por relatório de 4 páginas; segundo instituto, tribunal só viu sumário

Ex-funcionários do Planejamento foram condenados a pagar multas de R$ 10 mil a R$ 20 mil por contratos

DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

A ONG Movimento Brasil Competitivo, criada pelo empresário Jorge Gerdau, recebeu R$ 120 mil por um trabalho para o governo federal de "inacreditáveis 4 páginas", classificado como "superficial", segundo o TCU (Tribunal de Contas da União).
No governo de Dilma Rousseff, a ONG foi convidada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para fazer um diagnóstico da situação da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), cujos desvios já apurados, conforme a Folha informou, chegam a R$ 500 milhões.
Jorge Gerdau, que já foi cotado para ser ministro de Dilma, deverá coordenar o Conselho de Gestão Competitiva a ser criado pelo governo.
O trabalho do MBC foi contestado pelo Ministério Público do TCU em 2004. Em 2010, os ministros multaram os responsáveis após investigação da área técnica do órgão. Ainda cabe recurso.
A ONG foi contratada sem licitação pelo Planejamento para fazer trabalhos nos ministérios dos Transportes, Educação e Comunicações.
O contrato dizia que os serviços seriam para "otimizar processos de gestão" ao custo de R$ 1,5 milhão resultante de convênio do governo com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Segundo o TCU, o projeto teve preços elevados e o material entregue tem "qualidade duvidosa". O trabalho não foi todo realizado e a ONG recebeu R$ 465 mil.
De acordo com o TCU, os projetos em cada área foram divididos em três etapas. Pela primeira, cobraram R$ 120 mil de cada ministério. O MBC entregou três relatórios, sendo dois de seis páginas e um de quatro páginas.
Para os técnicos, os relatórios são um simples plano de trabalho com informações sobre resultados esperados e metodologias aplicáveis.
"À semelhança dos demais relatórios (...) trata-se de um singelo compêndio de informações genéricas, composto de inacreditáveis 4 páginas ao custo de R$ 120 mil", diz o relatório sobre o trabalho para Transportes.
Dois ministérios abandonaram o trabalho e não pagaram o restante do contrato. Já Transportes pediu para que o MBC continuasse.
Três ex-funcionários do Planejamento foram condenados a pagar multas de R$ 10 mil a R$ 20 mil. Entre eles Elvio Gaspar, ex-secretário executivo do ministério e hoje diretor do BNDES.
No governo Lula, no total, o instituto recebeu R$ 3,4 milhões, entre 2003 e 2010.


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