São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 2011

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PF investiga sindicalistas por rombo

Segundo denúncia, diretores do Sesef, ligados a deputado do PT, são suspeitos de desviar R$ 90 mi de plano de saúde

Plano de ferroviários aposentados deve R$ 41 milhões e está na iminência de ser liquidado pela ANS

ELVIRA LOBATO
DO RIO

Sindicalistas ligados ao deputado federal Carlos Santana (PT-RJ) são acusados de um rombo de R$ 90 milhões no Sesef (Serviço Social das Estradas de Ferro), que administra o plano de saúde Plansfer de 13 mil ferroviários aposentados.
A acusação foi feita à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal pelo assessor do Sesef Osmar Rodrigues, também filiado ao PT, e de longo histórico no movimento sindical ferroviário.
A informação foi publicada em reportagem do jornal "O Globo".
Rodrigues fez um dossiê com a descrição de dez operações com suposto desvio de dinheiro, aprovadas entre 2003 e 2008, por ex-dirigentes indicados por Santana.
À Folha o assessor afirmou: "O Sesef funcionou como braço sindical em vários Estados". Entre os acusados está Otoniel Nascimento, amigo do deputado.
O Sesef pagou 50 passagens aéreas de ida e volta para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona da Central do Brasil, Valmir Lemos. Trata-se do principal aliado de Santana no meio sindical.
Depois de cinco mandatos como deputado federal, Santana não se reelegeu e está cotado para assumir uma diretoria na CBTU (Cia Brasileira de Trens Urbanos).
Segundo a denúncia, de 2003 a 2006, o Sesef gastou R$ 12,2 milhões em reformas de instalações, compra de mobiliário e equipamentos, e em galpões inacabados.
Os galpões custaram R$ 5,086 milhões e seriam usados para acomodar cooperativas de costureiras e de reciclagem de lixo.
"Eram parte de um projeto político para buscar votos, que nada tinha a ver com os objetivos do Sesef", acusa Rodrigues.

LARANJAS
Há suspeita de uso de empresas laranjas para desvio de dinheiro.
O Sesef pagou R$ 1,01 milhão à microempresa "Me De Repente Análise, Projetos, Decorações e Participações", que tem endereço em uma comunidade pobre. O proprietário, Marcos Diniz, disse que não recebeu o valor. "Se tivesse recebido, estaria rindo à toa", afirmou.

LIQUIDAÇÃO
O Plansfer deve R$ 41 milhões a hospitais, clínicas e laboratórios credenciados, e está na iminência de ser liquidado pela ANS (Agência Nacional de Saúde), em razão das dívidas.
Em dezembro de 2002, ele tinha um superavit de R$ 11 milhões e uma reserva em títulos do Tesouro Nacional que foi vendida por R$ 42,7 milhões.
A ANS deu 60 dias ao Sesef para encontrar uma solução para o endividamento do Plansfer. A solução seria a venda da carteira de clientes a outro plano de saúde.
Mas, de acordo com o diretor-executivo do Sesef, Jorge Moura, não existem interessados, pois os associados têm idades entre 60 e 90 anos e pagam, em média, R$ 190 mensais.
Para Moura, a União é responsável pelo pagamento da dívida, porque os gestores do Sesef são indicados pelo governo. Seu conselho deliberativo é formado por quatro representantes do governo, e um dos ferroviários inativos.


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