São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 2011

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Dutra avisa a aliados que quer deixar comando do PT

Presidente do partido está licenciado desde março, após crise de hipertensão

Quadro clínico de Dutra evoluiu para problemas de origem neurológica e depressão; Dilma tenta convencê-lo a ficar

Alan Marques - 10.fev.2011/Folhapress
O ex-presidente Lula e o presidente do PT,
José Eduardo Dutra


NATUZA NERY
CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, 54, avisou a alguns aliados que pretende renunciar ao comando do partido para se dedicar a tratamento de saúde. Licenciado desde 22 de março, ele se comprometeu a dar uma resposta sobre sua situação após a Páscoa.
A decisão final, contudo, só será confirmada depois de conversa com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
Dizendo-se preocupado com o estado de saúde do amigo, Lula o visitará na segunda-feira para discutir seu futuro. Dutra tem dito que não pode bater o martelo sem consultar os dois.
Emissários do dirigente, porém, informaram integrantes do governo que, diante do estado clínico, a tendência é que ele deixe o cargo definitivamente.
Dutra se afastou temporariamente da presidência do PT depois de uma crise de hipertensão.
Durante o tratamento, foi diagnosticado quadro de depressão e problemas de origem neurológica. Desde então, ele passa por uma série de exames no cérebro.
A avaliação é que é muito difícil compatibilizar o tratamento com a pesada agenda de trabalho no PT.
Tanto Lula quanto Dilma demonstram grande preocupação com Dutra, que coordenou a campanha presidencial de 2010 e ocupou, sob Lula, as presidências da Petrobras e da BR Distribuidora. A presidente, porém, disse a interlocutores que ainda pretende convencê-lo a ficar.
Ano passado, Dutra formou junto com os ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça) o trio de ferro da campanha petista, apelidado de "três porquinhos".
O estatuto do partido prevê afastamento temporário por até 180 dias, mas nem mesmo Dutra tem considerado a hipótese de estender sua licença. Segundo a Folha apurou, ele entende que essa instabilidade pode prejudicar a legenda.

SUBSTITUIÇÃO
Com a renúncia, o Diretório Nacional do PT deve convocar uma nova eleição.
Hoje o mais cotado para assumir a vaga é o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). Além de contar com a simpatia de integrantes do Planalto, Humberto é amigo de Dutra e sua escolha não configuraria uma ruptura.
Hoje quem dirige a sigla é o deputado estadual Rui Falcão (SP), atual vice-presidente. Como Falcão integra uma corrente minoritária dentro da estrutura do partido, dificilmente ocupará a presidência em caráter definitivo.
Independentemente da decisão de Dutra, Dilma terá de definir se abrirá caminho para ele no Senado. Ela cogita nomear para o Ministério da Micro e Pequena Empresa o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), de quem Dutra é suplente.


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